MUSEU DE ARTE POPULAR
Há vários anos que o Estado ignora o Museu de Arte Popular, protelando obras infindáveis e falando dele o menos possível. O Estado ignora, mas as centenas de turistas que todos os meses batem à porta do museu para saberem se o podem visitar, e os cidadãos que fazem iguais tentativas, não.
Agora, o Ministério da Cultura pretende encerrar o museu e usar o edifício para um futuro museu do mar e da língua portuguesa, com direito a dinheiro para a investigação e tudo! Isto numa altura em que a investigação anda pelas ruas da amargura (os bolseiros de investigação científica que o digam) e em que alguns tesouros da língua portuguesa apodrecem nas bibliotecas e arquivos estatais, não deixa de ser irónico...
O Museu de Arte Popular foi projectado pelo Arquitecto Jorge Segurado e nele trabalharam artistas como Tomás de Melo (Tom), Estrela Faria, Manuel Lapa, Eduardo Anahory, Carlos Botelho e Paulo Ferreira. Do acervo do Museu de Arte Popular fazem parte peças de artesanato que há muito deixaram de se executar, constituindo por isso exemplares únicos que importa preservar. O que pretendem fazer à colecção? Espalhá-la pelo pais? Encerrá-la numa qualquer catacumba estatal? Destruí-la? E que sentido faz deslocar este importante acervo para qualquer outro local, sabendo que o MAP foi projectado em função da colecção que alberga, constituindo por isso um exemplar arquitectónico-museológico sem igual (desde as peças de mobiliário expositivo aos vidros, passando pelos espaços ? concebidos por arquitectos que passaram pela escola da Bauhaus, tudo no MAP está em relação com a colecção museológica)? E o arquivo e a biblioteca do Museu? E os frescos de alguns dos artistas mais relevantes do século XX português, ficarão bem entaipados com placas?
Aqui podem assinar uma petição contra o fecho do Museu de Arte Popular. Talvez isso ajude a que as 'mentes iluminadas' do Governo pensem melhor antes de fazerem semelhante asneira.
25.10.06
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3 comentários:
Pela descrição parece um museu muito interessante, principalmente porque em Lisboa existem poucas oportunidades de contacto com a nossa cultura popular. Se me é permitida a sugestão talvez fosse útil adicionar a morada do museu no "post".
Fico muito contente com a atenção que o museu tem despertado. A minha principal razão está claramente exposta no blog: aquele edifício só faz sentido com aquela colecção e a colecção só tem sentido naquele edifício (grande parte da colecção foi recolhida a quando das visitas para a eleição da Aldeia mais portuguesa de Portugal). A questão nem é tanto o valor individual de cada peça... é o próprio museu e, agora, toda a reflão plena de ignirância de uma ignorante ministra da cultura. De facto, quando utilizo o termo ignorância não é pela no sentido de crítica, mas de análise!
Obrigado pela força.
Pedro Félix (Antropologo)
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