31.10.08

FIBDA 08: SEGUNDO FIM DE SEMANA



Este fim de semana, no FIBDA, para além das habituais sessões de autógrafos, Maurício de Sousa falará sobre o público (domingo, às 16h) e Zoran Janjetov sobre ficção científica (domingo, às 17h).

Amanhã, pelas 18h30, nos Recreios da Amadora, serão entregues os Prémios Nacionais de Banda Desenhada atribuídos pelo FIBDA.
O LIVRO INCLINADO NO CHIADO

No Domingo, dia 2, estarei na Fnac do Chiado para apresentar a quem aparecer o livro mais bonito que chegou este ano às livrarias: O Livro Inclinado, de Peter Newell, uma edição da Orfeu Negro.



Também lá estará a Elsa Serra, pronta para contar a história do livro aos mais pequenos (e aos maiores, claro). A sessão começa às 17 horas. Apareçam.

30.10.08

OS ESBOÇOS DE WATCHMEN

No Guardian on-line podem ver-se alguns dos esboços preliminares de Dave Gibbons para Watchmen.



Ver todos aqui.

27.10.08

RECORTES



Peter Newell
O Livro Inclinado
Orfeu Negro

         Artista prolífico, Peter Newell assinou ilustrações, cartoons e banda desenhada para dezenas de jornais e revistas norte-americanas, entre 1883 e 1924, data da sua morte.
         O Livro Inclinado pertence a um núcleo de obras que Newell criou na fronteira imprecisa entre a ilustração e a banda desenhada, onde as preocupações formais com o próprio objecto-livro são um elemento recorrente. Dos seis livros que compõem esse núcleo, The Hole Book, The Rocket Book e este O Livro Inclinado (The Slant Book, no original) constituem uma unidade particular, na medida em que partilham a sequencialidade das imagens que acompanham as rimas que constituem o texto e a materialização dessa sequencialidade num elemento que ganha corpo no próprio livro enquanto objecto. Nos dois primeiros, um buraco (de bala ou de foguete) atravessa as páginas, incorporando-se o vazio que deixa no papel na composição das ilustrações. N’O Livro Inclinado é o formato do volume que acompanha a sucessão de imagens onde um carrinho de bebé vai deslizando por uma rampa íngreme, com o respectivo ocupante como ‘piloto’.
         Rimas e ilustrações, que terão sido pensadas para um público infantil (o que justifica a presença numa colecção como a que este livro inaugura, a Orfeu Mini, ainda que a sua apreciação nunca se tenha resumido às crianças), revelam o programa artístico de Newell, observador atento do quotidiano e mestre exímio na arte do cómico. O Livro Inclinado retrata o que bem podia ter sido uma cena banal numa qualquer cidade, um corte temporal na narrativa dos dias, mas fá-lo exagerando as possibilidades (inclusive as da física, já que seria duvidoso que um carrinho de bebé se mantivesse tanto tempo em movimento descendente sem cair) e acentuando características das personagens envolvidas para melhor alcançar diferentes níveis de cómico, da linguagem à situação. A sequência dos encontros do carrinho com as personagens que se encontram na rampa revela situações desastrosas, mas que se tornam cómicas graças à “anestesia momentânea do coração”, a condição que Bergson impôs para a sã existência do riso provocado por situações nem sempre agradáveis. Como os constantes atropelos de um carrinho de bebé desgovernado.

Sara Figueiredo Costa
('Versao integral' do texto publicado no suplemento Actual do jornal Expresso, 17 de Outubro 08)

24.10.08

MAIS INAUGURAÇÕES

Amanhã, dia 25 de Outubro, será inaugurada no Auditório Municipal Agusto Cabrita, pelas 17h00, a Exposição As Minhas Leituras, com ilustrações de José Manuel Saraiva.



Trata-se de mais uma exposição no âmbito da ILUSTRARTE – Bienal Internacional de Ilustração para a Infância e estará patente até 31 de Dezembro.

Mais informações em www.ilustrarte.net
FIBDA: PRIMEIRO FIM DE SEMANA

Amanhã, para além das habituais sessões de autógrafos (que podem ver aqui), Pat Mills e Kevin O'Neill falarão sobre 'o trabalho em colaboração' (pelas 17h00) e Tanino Liberatore fala sobre a 'técnica' (às 18h00). No Domingo, prosseguindo as conferÊncias sobre banda desenhada, Dave McKean fala sobre 'o conceito' (às 15h), Hong Li e Jie Cheng falam sobre 'o estilo' (às 16h) e Esteban Maroto fala sobre 'planificação e composição' (às 17h). Todas as sessões terão lugar no auditório do FIBDA.
FIBDA 2008



A 19ª edição do Festival Internacional de BD da Amadora abre as portas esta noite. Com a Ficção Científica e a Tecnologia como tema, o FIBDA terá o seu núcleo central no Fórum Luís de Camões (Brandoa) e vários núcleos espalhados pela cidade. A programação completa está disponível no site do festival e irá sendo actualizada regularmente. Quanto a nós, iremos dando conta, neste espaço, de alguns eventos e das nossas notas sobre o que formos vendo.

23.10.08

O PEQUENO AZULEJO



Com a chancela das Editions Chandeigne , o livro O Pequeno Azulejo, de Tosca, será apresentado na Pó dos Livros, no próximo dia 25, pelas 17h00. A ideia é levar as crianças, mas os adultos não ficarão desapontados.
ALICE GEIRINHAS

A mais recente exposição de Alice Geirinhas inaugurou no passado sábado, no Museu do Neo-Realismo, e pode ver-se até ao próximo dia 24 de Janeiro.



É apanhar o comboio e sair em Vila Franca de Xira.

22.10.08

BIBLIOTECAS E BANDA DESENHADA



Começa amanhã, e prolonga-se até sexta-feira, o Seminário Internacional Bibliotecas e Banda Desenhada, dividido pela Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro e a Bedeteca de Lisboa. Eu estarei por lá, moderando uma mesa redonda sobre o mercado editorial, mas haverá coisas mais interessantes para ver e ouvir... O programa pode ser consultado aqui.

16.10.08

CORAÇÃO DE MÃE



Inaugura dia 18 de Outubro, no Auditório Augusto Cabrita, a exposição Coração de Mãe.

Esta exposição parte das ilustrações do livro Coração de Mãe, da editora Planeta Tangerina, de Bernardo Carvalho e com texto de Isabel Minhós Martins

Estará patente até ao dia 31 de Dezembro de 2008.

Mais informações em www.ilustrarte.net.

13.10.08

RECORTES



Jorge Mateus e Luís Rainha
O Futuro Tem 100 anos
Bizâncio, 2008

*

Se fosse possível encetar um corte cirúrgico que revelasse o estado da arte da banda desenhada portuguesa contemporânea, a incisão revelaria duas tendências essenciais: por um lado, o diálogo com a produção contemporânea estrangeira, muito alicerçado na auto-edição, na experimentação em torno das possibilidades de uma linguagem e na atenção a outras formas artísticas, e por outro lado, a continuidade temática e estrutural de um filão com raízes no que por vezes se chama de ‘Idade de Ouro’ da bd portuguesa e que assenta numa ideia de diversão, quase sempre destinada a leitores mais novos, onde a gramática visual e narrativa se assume ora como de entretenimento, ora como pedagógica (porque se crê, erradamente, mais simples de entender do que um texto, por exemplo). Curiosamente, os resultados desta segunda tendência acabam por ter mais visibilidade editorial, muitas vezes graças aos apoios autárquicos ou empresariais que se associam a determinado projecto. É esse o caso deste O Futuro Tem 100 Anos, encomendado no âmbito das comemorações do centenário da CUF do Barreiro e destinado, segundo se lê na apresentação, “aos mais jovens”.
Percebe-se o esforço na construção de um argumento coerente, que desvenda a história da CUF através da demanda de uma personagem em busca do seu passado, mas a imposição pedagógica acaba por impedir qualquer outro caminho, menos óbvio. As constantes analepses que permitem veicular fragmentos da história da CUF e da industrialização do Barreiro, bem como a linha narrativa que marca o presente da jovem protagonista (onde não falta o cliché de um baú perdido que vai revelar os segredos procurados, ou o comentário paternalista da personagem que diz “gosto de ver que ainda há jovens interessados pelo passado”) cumprem todos os requisitos para uma banda desenhada que só o é porque continua a sua linguagem a ser tida como o modo mais simples de pedagogia involuntária, pese embora o equilíbrio estético e narrativo de algumas pranchas e as soluções gráficas que, como nas vinhetas em que Alfredo da Silva (fundador da CUF) apresenta o plano de industrialização da cidade, deixam perceber o potencial criativo dos autores, já confirmado noutros projectos.

Sara Figueiredo Costa
(Texto publicado no suplemento Actual do jornal Expresso, 4 de outubro 08)

10.10.08

AVISO À NAVEGAÇÃO

Este é um dos livros mais bonitos a passar pelas prateleiras das livrarias este ano:



A edição é da Orfeu Negro.

8.10.08

VISITA DO DIA



O site do ilustrador argentino Pablo Zweig.
CRIB SHEET

Assim se chama o blog de Domingos Isabelinho, acabado de chegar à rede. Não é preciso dizer que devia ser de leitura obrigatória para qualquer pessoa interessada em pensar a banda desenhada, pois não?
BRITO E FAZENDA EM POLACO

Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos, de Pedro Brito e João Fazenda, editado entre nós pela Polvo, acaba de ser editado em polaco, com o título Kobieta mego życia, kobieta moich snów. Eis a capa:

7.10.08

AS PAREDES TÊM OUVIDOS

O livro As Paredes Têm Ouvidos - Sonno Elefante, de Georgio Fratini (editado em Portugal pela Campo das Letras) recebeu o prémio Miglior libro di scuola italiana no festival Romics 2008.



Já que as instituições portuguesas parecem ter tão pouco respeito pela memória colectiva, possa este livro ajudar a fazer aquilo que seria um dever: não esquecer.

3.10.08

OS RIDÍCULOS: DESENHO HUMORÍSTICO E CENSURA (1933-1945)



Brevemente, duas bibliotecas especializadas de Lisboa, a Bedeteca (biblioteca de banda desenhada) e a Hemeroteca Municipal (biblioteca de periódicos), vão apresentar nas instalações da primeira, nos Olivais, um conjunto muito significativo de primeiras páginas do jornal Os Ridículos, bissemanário humorístico, acompanhadas das respectivas provas enviadas para e recebidas dos serviços de censura do Estado Novo (a célebre «Comissão de Censura», e o seu famoso carimbo «VISADO Pela Comissão de Censura», em duas linhas). Nesta mostra, inédita, d’ Os Ridículos, a gargalhada, no mínimo, irrompe dobrada em face deste confronto de traços: o do mestre desenhador e o do censor zeloso, perante uma linguagem gráfica insinuativa.

A exposição será organizada em três núcleos temáticos (política nacional, política internacional e Lisboa), e conta com desenhos e caricaturas da autoria de Alonso, Stuart, Colaço, Natalino, Silva Monteiro, Américo e Pargana. Através dos cortes às versões iniciais propostas pelos ilustradores, e da comparação com as páginas finais, é possível descortinar os resultados do controlo do Estado sobre o discurso humorístico e gráfico veiculado por este jornal, por outras palavras, sobre a liberdade de expressão, aqui essencialmente
plástica – razões de sobra para não perder esta exposição. É comissariada por Álvaro Costa de Matos (Hemeroteca Municipal de Lisboa) e Pedro Bebiano Braga (Museu Rafael Bordalo Pinheiro).

A exposição manter-se-á em exibição na Bedeteca até 31 de Dezembro.

O material exposto faz parte da colecção da Hemeroteca Municipal de Lisboa e constitui uma fonte da maior importância patrimonial e histórica, que nunca foi objecto de um estudo sistemático. São documentos bem reveladores dos objectivos e especificidades da censura sobre a imprensa, neste caso, sobre um jornal humorístico, bem como das estratégias e respostas dos jornais, muitas delas subtis, para contornar a acção do famoso lápis azul. Com esta exposição e toda a programação subsequente, as duas bibliotecas pretendem precisamente despertar o interesse dos seus públicos e do público em geral para este espólio, e promover a sua primeira abordagem. Além da disponibilização de conteúdos digitais, no sítio das BLX e da Hemeroteca Municipal, está prevista a realização de visitas guiadas, ateliers e um debate.

Refira-se que
Os Ridículos começaram a publicar-se em Lisboa em 1895, por iniciativa e sob a direcção de José Maria da Cruz Moreira, o “Caracoles”. Dois anos mais tarde, em Setembro de 1897, a direcção é assumida por “Auto-Nito”, outro humorista muito popular na época. Apesar do entusiasmo inicial, a suspensão foi inevitável devido à forte concorrência entre os jornais humorísticos e ao elevado analfabetismo existente no país. Oito anos depois, em 1905, “Caracoles” pega novamente no jornal e, juntamente com “Esculápio” (Eduardo Fernandes), reedita Os Ridículos, aproveitando agora a oportunidade que lhes oferecia a efervescência política que precedeu a implantação da República. A partir de 1906, já sem a colaboração de Eduardo Fernandes, o jornal conhece então uma fase de franco desenvolvimento, enveredando pela crítica política e pela sátira aos acontecimentos dominantes da época; os seus jocosos comentários granjearam-lhe uma popularidade e uma notoriedade que se manteriam praticamente até ao fim do jornal, em 1984. Entre os seus colaboradores destacam-se Alonso (Santos Silva), Colaço, Silva Monteiro, José Pargana, Stuart de Carvalhais e Natalino Malquiades, no desenho humorístico e na caricatura política, enquanto os textos eram assegurados por Gamalhães (Xavier de Magalhães), Sousa Pinto, Aníbal Nazaré, Nelson de Barros, Borges de Antão, Casimiro Godinho, entre outros. A par do Sempre Fixe foi, sem dúvida, um dos mais importantes e mais duradoiros jornais humorísticos publicados em Portugal no século XX.

A exposição inaugura no próximo dia 11 de Outubro, na Bedeteca de Lisboa, onde poderá ser vista até ao último dia deste ano.

2.10.08

VISITA DO DIA


O trabalho de Migy.
VIAJE CON NOSOTROS!

Comissariada por Jorge Diez, a exposição Viaje Con Nosotros! reflecte o aparecimento de alguns autores centrais na cena da banda desenhada espanhola da década de oitenta, procurando mostrar o seu percurso evolutivo até ao presente. O autores escolhidos para integrarem esta mostra são Gallardo, Keko, Mauro Entrialgo, Max, Micharmut e Miguelanxo Prado.


(imagem de Mauro Entrialgo)

Inaugurada no passado dia 23, a exposição estará aberta ao público até ao dia 26 de Outubro, no espaço La Casa Encendida, em Madrid.

No mesmo espaço, decorrerá entre os dias 9 e 11 de Outubro a edição de 2008 do Avantcomic. Encuentro Internacional de Cómic, este ano dedicado às fronteiras difusas entre a banda desenhada, a ilustração e outras artes. A programação está toda aqui, e se alguém passar por Madrid nestes dias, não se esqueça de nos contar como foi.

(Agradecimentos a Richard Câmara, por nos ir dando notícias do Estado Espanhol)