A convite da Bedeteca, hoje vesti a pele de repórter e fui ver como estão os preparativos para a edição deste ano da Ilustração Portuguesa, na Cordoaria Nacional.
No piso térreo, a azáfama era muita e o espaço já tinha 'ar de exposição'. As gravuras de José Guadalupe Posada já estavam expostas, assim como as ilustrações portuguesas seleccionadas. No primeiro andar vislumbrava-se a exposição dedicada à ilustração de imprensa dos anos 80 e 90, ainda em fase de acabamento, tal como o espaço infantil, que receberá os ateliers e a exposição especialmente encomendada para os mais novos (Coisas que Acontecem, com trabalhos de 20 ilustradores em torno da actualidade). O barulho dos berbequins e dos martelos era convincente e amanhã à tarde, sem sombra de dúvida, tudo estará pronto para a inauguração do mais importante evento dedicado à ilustração que decorre no nosso país, uma espécie de 'mostra barómetro' do que se vai fazendo por cá e também, seguramente, uma ponte para a 'exportação' dos ilustradores portugueses para outros pontos do globo.
Uma das novidades da Ilustração Portuguesa deste ano é a participação, pela primeira vez, de um elemento estrangeiro no júri. Vicente Ferrer, editor da brilhante Media Vaca, ajudou a escolher os trabalhos expostos e estará presente no evento. Para quem ainda não conheça a Media Vaca, recomenda-se uma visita ao seu site e, se possível, a consulta dos livros que tem editado, cada um mais fascinante que o anterior, mostrando que é possível fazer um bom trabalho e conquistar as graças do público a partir de uma editora pequena e despretensiosa.
Entre os setenta e seis ilustradores seleccionados encontra-se outra das novidades do evento. Dezanove ilustradores desconhecidos do grande público estarão presentes, muitos deles em resultado do convite que a Bedeteca endereçou a todos os ilustradores que quisessem começar a ver o seu trabalho divulgado. Quem sabe se entre estes não se encontram os nomes de referencia dos próximos anos... O Beco estará especialmente atento a este núcleo e procurará dar o destaque merecido ao trabalho destes autores.
Outro dos destaques é a exposição de gravuras do mexicano José Guadalupe Posada, cuja obra foi apresentada esta manhã por Gustavo Martinez (da Embaixada do México em Portugal), e que merecerá atenção especial brevemente aqui no Beco. A selecção de cem gravuras, de entre as cerca de 20 mil que terá criado, está em digressão pela Europa e acaba de chegar à Cordoaria, constituindo uma oportunidade única de conhecer a obra de um dos mais importantes ilustradores de imprensa de sempre.
José Guadalupe Posada
Para além das exposições e das actividades programadas, a Ilustração Portuguesa deste ano conta com um evento peculiar: numa parceria entre a Bedeteca e os CTT, será apresentada uma série de selos dedicados à banda desenhada portuguesa e a alguns dos seus heróis incontornáveis. Quim e Manecas, a Guarda Abília, o Espião Acácio, Pitanga, Jim del Mónaco, Tomahawk Tom e a Pior Banda do Mundo vão garantir o regresso das cartas manuscritas... É que não há e-mail que possa competir com os selos que vimos hoje de manhã e que estarão disponíveis brevemente nas estações dos CTT e também no espaço da Cordoaria Nacional, durante os dias da Ilustração Portuguesa 2004.
O programa, que já divulgámos ontem (podem vê-lo na íntegra mais abaixo), é aliciante e justifica várias visitas ao longo dos dias do evento. Entre as exposições, os debates e o ciclo de cinema de animação, sem esquecer o espaço de convívio e a venda de livros vários, o Beco dedicará a maioria dos posts dos próximos dias à Ilustração Portuguesa ? 2004. Para já, fica prometido um destaque sobre a obra de José Guadalupe Posada para amanhã ou depois.
Para acabar, o Público de amanhã inclui o livro Coisas Que Acontecem, simultaneamente o catálogo da exposição homónima e um livro de actividades para os mais novos. No Sábado, sai a já tradicional edição inteiramente ilustrada do Público, para comprar e guardar para a posteridade.
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