7.6.04

O FANZINE QUE SERÁ LIVRO?
Ontem passei pela Feira do Livro para saber notícias do fanzine que deveria resultar do trabalho conjunto dos vários autores de bd que foram passando pelo quiosque da Bedeteca e desenhando uma prancha alusiva ao tema da Feira. Devido ao prolongamento da Feira por mais uns dias (até 10 de Junho, mais propriamente), há mais tempo para trabalhar a ideia do fanzine, pelo que ainda não se sabe se o resultado final não passará por uma edição na colecção LX Comics, da Bedeteca. Enquanto esperamos para saber, devo dizer que o resultado será sempre muito interessante, já que as pranchas que foram sendo feitas são, na sua maioria, muito interessantes sob vários pontos de vista. Antes de qualquer outra coisa, pelo carácter de exercício narrativo e imagético, com tema definido e tempo delimitado, mas também pelo modo criativo como os autores lidaram com essas condicionantes, muitas vezes fugindo mas sempre cumprindo o objectivo inicial. Depois, pelo humor de algumas histórias, como a de Pedro Brito, e pelo modo como o espaço da Feira e os hábitos, manias e ritmos dos seus frequentadores foram vistos e recriados sob múltiplos pontos de vista: aqui impõem-se alguns destaques, como os flashes de Pepe del Rey, e a boa disposição voyerista de Richard Câmara, a poesia verbal e do traço de Francisco Sousa Lobo, universo de David Soares, jogando com coincidências e desígnios celestiais ou a leveza do traço de Miguel Rocha, como sempre capaz de agarrar na aparente simplicidade de uma mancha, usando-a como matéria prima de histórias e mundos onde apetece permanecer.
Agora resta esperar pelo fanzine e pelo LX Comics, já que todos (nomeadamente os leitores) teriam a ganhar com a edição dupla, para ver o resultado final em formato mais manuseável do que o enorme dossier com os originais que simpaticamente me deixaram espreitar antes de fazer este texto.



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