A CASA DA MOSCA FOSCA
Esta crítica destina-se ao canal de livros, mas como o servidor do site não anda bom, resolvi publicá-la aqui antecipadamente. Quando o canal de livros voltar ao normal, republicá-la-ei lá, na secção infantil.
A CASA DA MOSCA FOSCA
Eva Mejuto e Sergio Mora
Kalandraka: Lisboa, 2004
O recurso ao vasto manancial de lendas e contos tradicionais de todas as nacionalidades tem sido um importante ponto de partida para a edição de livros destinados ao público infantil e juvenil, nem sempre com resultados muito possitivos no que à transposição desses universos para o nosso diz respeito, mas contribuindo decisivamente para o conhecimento do património etnográfico e antropológico de cada um de nós. A Casa da Mosca Fosca, editado pela Kalandraka, é o resultado da adaptação de um conto russo, feita por Eva Mejuto, tendo como destinatários o público infantil e os cada vez mais apreciadores de bons livros infanto-juvenis, independentemente da idade. No universo da fábula, jogando com as características dos diferentes animais da floresta e com a presença do jogo de números tão característico de inúmeras lendas do mundo inteiro, A Casa da Mosca Fosca conta o episódio de uma refeição que começa solitária e acaba com sete convivas, um apelativo bolo de amora e um visitante algo inesperado. Inesperado é também o final, o que só convém ao suspense criado pela lengalenga que sustenta a chegada dos convivas.
As ilustrações, marcadas pelas cores fortes e pela vivacidade das cenas que representam, quebram a rigidez de algumas visões, invertendo ângulos e criando pormenores acessíveis apenas aos que têm na imaginação uma característica essencial de qualquer bom livro infantil. Há muito que a Kalandraka vem afirmando a importância de quebrar barreiras no que à ilustração mais tradicional diz respeito, nomeadamente quando este tradicionalismo se relaciona directamente com pobreza visual e com a ideia de que os mais novos gostam de imagens básicas e sem muito pormenor. O trabalho de Sergio Mora em torno da Mosca Fosca vem mostrar precisamente o contrário, com uma personagem capaz de conquistar a simpatia dos leitores e com um conjunto pictórico que permite a recriação de outras histórias para além desta, factor muito relevante quando os destinatários do livro podem ser crianças a quem a leitura integral de uma narrativa, mesmo que pequena, ainda não prende a atenção, surgindo como mais atraente a ideia de inventar histórias ou cenas a partir das imagens a que se tem acesso. Esta mosca permite essas e outras incursões, pelo que se recomenda uma ida à sua casa o mais brevemente que for possível.
PS: agradeço à minha prima a simpática cedÊncia do computador sem o qual não teria sido possível actualizar este blog.
3.6.04
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