28.7.03

BLOGS AOS QUADRADINHOS Durante uma semana recebemos mails com as escolhas dos blogs relativamente aos seus livros de bd preferidos. A participação foi animada, principalmente tendo em conta que estamos no Verão e a caminho das férias. E para além disso, ainda descobrimos alguns blogs que desconhecíamos e que gostámos de conhecer. Aqui fica, então, o enooooorme post especial a dar conta das escolhas dos blogs que nos escreveram.


ASTÉRIX E O DOMÍNIO DOS DEUSES (Goscinny e Uderzo)
Lourenço Cordeiro, do blog O Projecto, escolheu este de entre os inúmeros títulos da série de Astérix. Goscinny e Uderzo continuam a fazer parte da lista de referências fundamentais da bd e Lourenço fez questão de destacar a personagem do arquitecto Anglus.




THE TWO MUCH COFFEE MAN (Shannon Wheeler)
Do blog Ford Mustang escreveu-nos o Hugo e, para além de recomendar qualquer dos volumes de The Two Much Coffee Man, ainda nos enviou a imagem de uma das capas e o link para o site oficial.
Quanto ao livro recomendado : qualquer volume do incrível comic "The Too
Much Coffee Man", de Shannon Wheeler ; é um daqueles comics que consegue
reunir o humor - inteligentíssimo e hilariante - com uma feroz crítica de
costumes. Não sei se já o conhecem; se tal não for o caso, deixo-vos uma
descrição breve: "Too Much Coffee Man" é um super-herói cujos super-poderes
(inexistentes) derivam do abuso continuado de cafeína e nicotina. O mote :
"O mundo está em perigo e precisa da minha presença, nobre e valente; mas
primeiro vou fumar um cigarro".





Á SUIVRE - BAR À JOE (Muñoz e Sampaio)
JP, do blog 7000 Nomes, escolheu a bd "Bar à Joe", presente no À Suivre. Pelo mail que recebemos, parece que foi amor à primeira leitura.




HISTÓRIA DE LISBOA (Filipe Abranches e A.H. de Oliveira Marques)
O nosso amigo Rui Santos, do Soda Cáustica, escolheu uma bd "histórica" e nem outra coisa seria de esperar de alguém apaixonado pela História em geral, e pela Idade Média e pela presença árabe na Península em particular. Mas para além da escolha, o Rui ainda nos enviou um comentário ao livro. Aqui fica:

Confesso não ser grande conhecedor de Banda Desenhada, diria um curioso interessado. De resto, o que trago aqui é a ligação de um outro interesse - a história - com a bd e a ilustração.
Desde pequeno, talvez por defeito, fui lendo e relendo alguns álbuns de bd de temática histórica e lembro-me, em particular, de A Minha Primeira História de Portugal com texto de António Manuel Couto Viana e ilustrações de Fernando Bento -uma história um pouco duvidosa, diga-se - e um sobre a vida de D.Afonso Henriques.
O certo é que não abandonei esta temática particular e é aqui que entra "História de Lisboa", de Filipe Abranches e A. H. de Oliveira Marques, ilustrador e historiador, reunindo, em dois belíssimos volumes, os grandes e alguns dos pequenos episódios da vida lisboeta, do século I a 1974.
Da fundação da cidade à Revolução dos Cravos, à grande expressividade da ilustração de Filipe Abranches, junta-se uma inusitada capacidade de Oliveira Marques para criar diálogos simples e, ao mesmo tempo, cheios de relevância histórica.
Garante-se, a quem ver/ler esta edição conjunta da Câmara Municipal de Lisboa e da Assírio & Alvim, rigor histórico, descobrimento de alguns pequenos pormenores sobre a história da cidade mas, acima de tudo, uma experiência de divulgar a história ainda pouco utilizada e extraordinariamente bem conseguida. As falhas do livro? Essas pouco contam aqui, que o conceito e o resultado final as superam o bastante...





MUTTS (Patrick McDonnell)
O Statler, do Blog dos Marretas, escolheu os livros da série Mutts, de Patrick McDonnell e ainda se ofereceu para trocar informações sobre bd connosco. Já agradecemos tudo e estamos prontas para a troca de ideias? Ainda dizemos mais: se o velhote quiser mandar para cá uns textos de vez em quando, está à vontade. E se quiser convidar outros Marretas para fazerem o mesmo, nós aceitamos de bom grado. Um abraço para o camarote e beijocas para o Animal!




A ÚLTIMA GRANDE SALA DE CINEMA (David Soares)
O Espigas (que se chama Nuno Centeio, como toda a gente sabe) escolheu um livro que nenhuma de nós leu até agora, embora já o tenhamos cobiçado várias vezes nas prateleiras da Fnac (as tais que estão sempre caóticas).
David Soares é uma das jovens e promissoras apostas da bd nacional. Com o
seu ar gótico, os dedos cheios de anéis com os mais variados ícones,
encontrei-o na primeira bd Forum, em Lisboa, no passado dia 2 de Maio.
A sua escrita está cheia de referências às mais variadas vertentes. A obra
que até agora mais me despertara a atenção foi "Mr. Burroughs", um ensaio
sobre a figura esguia do falecido escritor da Beat Generation americana.
Mas a minha escolha vai, sem dúvida, para "A Última Grande Sala de Cinema",
o seu último trabalho. Neste álbum editado pela Círculo de Abuso
(propriedade do autor), o David apropria-se dos fantasmas de um cinema
antigo, e exorciza violentamente os desejos e curiosidades do cinéfilo.
Povoam aquele mundo estranho Cerasta, a imunda divindade das areias do
deserto, "devorador de corações"; Veia, um mimo dos infernos, "disseminador
de veneno e pragas"; Pequeno Freud, o profeta "caído na lama", "passivo e
desinteressado como uma esposa infiel".
E no meio destes não podia faltar o Luís, um cinéfilo "sem vida pessoal,
amigo de tarântulas e irmão de demónios". O Luís é identificado pelo David
Soares como cada um de nós, os leitores. Eu pessoalmente considero-o o
próprio David. Ávido por mais uma sessão, melancólico para com as grandes
salas que perdemos. O Velho S.Jorge, o cinema Império, o Tivoli.
Como ele, e graças a ele, somos uma última vez transportados para um mundo
irreal onde a tela gigante e as cadeiras empoeiradas são o nosso mar de
ilusões.

Título: "A Última Grande Sala de Cinema"
Escrito e Ilustrado por David Soares
Editora: Círculo de Abuso
Álbum realizado com o apoio da Bolsa de Criação Literária, atribuída à
categoria de Banda Desenhada, pelo Instituto Português do Livro e das
Bibliotecas, em 2002.





A BALADA DO MAR SALGADO (Hugo Pratt)
O convite para esta colaboração foi endereçado a todos os blogs. Mas foi também endereçado à Zazie, leitora compulsiva da blogosfera, comentadora atenta e colaboradora da Janela mais indiscreta da internet. E a escolha da Zazie recai sobre um dos mais belos livros de bd que já lemos: A Balada do Mar Salgado, de Hugo Pratt. Mas a Zazie não resistiu a incluir na lista de preferências toda a obra de Hugo Pratt, bem como todos os volumes de Tintim, do grande Hérgè, com destaque para O Tesouro de Rackan, o Terrível, Tintim no Tibete e As Jóias da Castafiore.
Obrigada, Zazie. E volta sempre!




SIGNAL TO NOISE (Neil Gaiman e Dave McKean)
Esta foi uma das surpresas da brincadeira que fizémos. Recebemos um mail do Rodolfo, jornalista brasileiro que desconhecíamos, autor do blog Leitura do Dia, que também desconhecíamos e que recomendamos vivamente. Não sabíamos que o Beco já tinha chegado ao Brasil e ficámos, obviamente, muito contentes.
O Rodolfo escolheu Signal to Noise de Gaiman e McKean, e ainda Alec: How to be an Artist, de Eddie Campbell.
Fico indeciso entre duas, na verdade. Uma delas é "Signal to Noise" (Gaiman e McKean), uma graphic novel que conta a história de um diretor de cinema que está morrendo de câncer e começa a filmar seu último filme - dentro de sua própria cabeça. Tema poderoso, idéias interessantes sobre o fazer artístico, além de
arte e roteiro que se complementam.
A outra seria "Alec: How to be an Artist". No volume, Eddie Campbell faz um misto de autobiografia enfatizando seu caminho de artista e uma história da ascensão e queda da graphic novel.
Releio as duas com muita freqüência e recomendo ambas a qualquer um que se interesse por quadrinhos ou tenha ambições nas artes.





VÁRIOS
O Rui Almeida, que pode ser lido no seu blog, respondeu ao nosso desafio num post publicado no dia 22. Fazemos copy/paste directamente do blog do Rui para que conheçam a resposta:
Respondendo ao desafio do Beco das Imagens, deixo aqui o que penso ir folhear durante as férias, no que toca a banda desenhada ou afins.
Vou sobretudo rever: a obra toda do António Jorge Gonçalves, sobretudo a Arte Suprema e o Senhor Abílio, não desfazendo nos dois álbuns do Filipe Seems, com argumento fantástico do fantástico Nuno Artur Silva; os seis episódios da primeira série da saga de John Defool e respectivo Incal; os dois volumes imprescindíveis de Maus; o que calhar do Hugo Pratt, do Moebius/Giroud e do Bilal; umas coisas fantásticas que apanhei nos saldos da Fnac, editadas pelo Musée de la Bande Dessinée: Florence Cestac e Robert Crumb; Battle Chassers do (semi-)português Joe Madureira; Diniz Conefrey a ler Herberto; as Crossroads de José Carlos Fernandes; talvez Tintin, talvez Spirou, talvez Astérix, talvez Louro & Simões, talvez Calvin & Hobbes, talvez Valérian & Laureline.
Mas vou também pegar em coisas que só agora apanhei: Pedro Brito, Richard Câmara, Marcos Farrajota e o colectivo Lisboa 24 Horas - todos da colecção Lx Comics da Bedeteca; O Artefacto Perverso de Felipe Hernández Cava e Federico del Barrio, editado pela Baleia Azul e, por fim, Águas Perigosas de D. David, C. Cuadra & R. Miel, a ver se por lá encontro o Abrupto Pacheco Pereira [explico: trata-se de uma história de promoção com que o Parlamento Europeu ganhou o prémio da Angoulême 2003 para a «campanha de comunicação que utilize como suporte a banda desenhada»].

Além disso vou continuar a olhar para as ilustrações dos livros e das revistas de poesia (e não só...), mas disso falarei daqui a uns dias.
posted by rui at 22.7.03





A HISTÓRIA DO CORVO DE TÉNIS (Fred)
Da Janela Indiscreta escreveu-nos a Cristina Almeida, com vontade de escolher vários livros de bd. Mas como pedimos apenas um, escolheu A História do Corvo de Ténis, de Fred, um livro que gosta de reler. Entretanto, avisou-nos logo que ficaram de fora o Hugo Pratt, o Tardi, o Bilal, o Winsor McCay, o Muñoz e umas enormes reticências a denunciarem uma lista com muitos nomes... Já sabes, Cristina, aceitamos textos aqui para o Beco...




Agradecemos a participação de todos os que escreveram para o Beco. Entretanto, vamos pensar noutras formas de colaboração e interacção bloguística que passem pela bd, pela ilustração e, acima de tudo, pela troca de ideias.

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