20.11.06

AGENDA - BLAZT CLOSE UP

Uma retrospectiva dos trabalhos publicados na Blazt entre 2004 e 2006 pode ser vista na Reitoria da Universidade de Lisboa (de segunda a sexta, das 9h30 às 17h30 - a entrada é livre). Aqui fica o texto disponibilizado pela Blazt:

A BLAZT Magazine é, actualmente, um dos projectos editoriais mais significativos na revelação da nova geração de autores de Banda Desenhada em Portugal. Nascida no seio da Universidade de Lisboa com uma filosofia baseada no conceito de network, a qualidade dos seus conteúdos e a acuidade da impressão chamou a atenção da crítica especializada e dos parceiros do meio, nomeadamente do diário Público, do FIBDA - Festival Internacional de Banda Desenhada - Amadora, do circuito cultural londrino e de inumeráveis blogs.

Esta exposição itinerante construída a pedido do CNBDI - Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, lança um breve olhar retrospectivo aos trabalhos publicados em dois anos de actividade, por 19 jovens autores portugueses desconhecidos do público, nomeadamente, Ana Sousa, Emanuel Moita, Filipe Alves, Francisco Noá, Francisco Serra Lopes, Hugo Almeida, Inês Casais, João Batista, João Martins, Joel Ildefonso, Mariana Perry, Marisa Costa, Nuno Duarte, Pedro Carramão, Pedro Santos, Ricardo Cabral, Ricardo Machado, Rui Aires e Tiago Albuquerque, entre outros com nome já firmado no espaço nacional e internacional, tais como Daniel Maia e Richard Câmara.

Org: Blazt -Revista Internacional de Banda Desenhada e Associação de Antigos Alunos da Faculdade de Belas Artes da UL, em parceria com o FIBDA'06
Network: ARCO | Arga Warga | Bedeteca de Lisboa | FIBDA | Fisga Comics | Núcleo de BD e Animação FBAUL | Os Fazedores de Letras

2 comentários:

Geraldes Lino disse...

Alguém que tenha estudado português saberá explicar-me por que motivo no texto aparece "a Blazt Magazine"? É que magazine é um substantivo do género masculino (podem comprovar em qualquer dicionário).
Um exemplo: se eu quiser mencionar o clube "Casa das Beiras Atlético Clube" escreverei "o Casa das Beiras Atlético Clube", isto é, o artigo masculino refere-se à última palavra, que é "clube"; outro exemplo: "a Porto Editora", neste caso o artigo é no feminino, visto que a frase acaba com um substantivo daquele género.
Já sei que irão argumentar de se tratar de uma revista. Ora magazine é um objecto que existe fisicamente, com conteúdo misto de texto e imagem, não podendo portanto ser ignorada a sua existência. Ao dizerem e/ou escreverem "a Blazt Magazine" parece considerarem a palavra magazine como mero ornamento.
Ou não gostarão de dizer "o Blazt Magazine"?

Sara Figueiredo Costa disse...

Caro Geraldes Lino,

desde os tempos do mestrado e da investigação em linguística histórica que não me dedico às discussões em torno da questão, mas como esta está no blog onde escrevo, não me vou esquivar.
As ideias rígidas e inabaláveis sobre a imutabilidade da língua sempre marcaram presença ao longo da história, e estou a falar em séculos, e não nos últimos anos. Curiosamente, apesar disso, os fenómenos de mudança linguística, alguns muito morosos e outros mais rápidos do que a atenção dos ?defensores da língua?, sempre foram a principal característica da evolução histórica de qualquer língua (com excepção, claro, das línguas que ?morreram?).
Isto para dizer que até posso esboçar uma explicação para o facto de se registarem mais usos de ?a Blazt magazine? do que de ?o Blazt magazine? entre os falantes que usam tal expressão no seu dia a dia; mas para alem dessa explicação, tenho de dizer que o importante mesmo é que se esse uso já se tornou maioritário e já se disseminou entre os falantes (verificando-se a mesma situação com os nomes de outras revistas que recorrem ao termo ?magazine? na título), bem podemos todos lamentar o que quisermos... Também há uns séculos terá havido quem lamentasse a queda do ?n- intervocálico quando andávamos todos a ver o que faríamos do latim e nem por isso hoje olhamos para o céu e vemos a luna! Idem para coisas como o desaparecimento do som ?tch? (não tenho como usar símbolos fonéticos aqui), que o gramático Duarte Nunes de Leão tanto elogiou no século XVI e que os gramáticos do XVII e do XVIII viram desaparecer (e, tirando em Trás-os-Montes, se hoje entrarmos numa loja e pedirmos uma cópia das ?tchaves?, no mínimo será estranho). Idem para uma série de outros fenómenos de mudança que não vou enumerar aqui porque não faz sentido continuar...
É certo que ?magazine? é um substantivo masculino do português que, numa das suas acepções, remete para uma publicação periódica, normalmente generalista e ilustrada. Ora, acontece que a palavra ?magazine? que hoje vemos aparecer em títulos como a Blazt, a Mondo Bizarre e outras publicações não deve ter a sua origem neste termo do português, mas sim no ?magazine? inglês. E digo isto porque a maioria dessas revistas são feitas por uma geração (onde me incluo) para a qual o termo português ?magazine? é da ordem do histórico! Eu sei o que é um magazine porque sempre gostei de ler, sempre tive o hábito de usar o dicionário e sempre vasculhei em alfarrabistas e afins; não sei o que é um magazine porque essa palavra faça parte do meu léxico habitual. Assim sendo, o ?magazine? do título da Blazt vem direitinho do inglês, como acontece com muitas palavras que entram na nossa língua (e como sempre aconteceu ao longo dos séculos, conforme o peso que outras línguas (algumas já ?mortas?, como o latim) foram tendo no mapa político, social e cultural europeu, ou não comeríamos croissants nem usaríamos óculos!). Se as palavras que chegam do inglês são aportuguesadas na grafia ou não, depende muito do modo como entram e da rapidez com que os meios de comunicação (à falta de uma politica linguística pensada e organizada) podem ou não agir; e se muitas delas se mantêm com a grafia inglesa, isso deve-se ainda ao enorme peso e à universalização do inglês como língua de contacto, o que faz com que nenhum leitor médio estranhe a palavra ?rock? lado a lado com a já aportuguesada ?futebol?. Os ritmos e as oportunidades de alterar grafias são diferentes, irregulares e quase sempre imprevisíveis na sua eficácia (e isto já é uma outra discussão).
Portanto, e ensaiando uma resposta à sua dúvida, quando se diz ?Blazt Magazine? está a usar-se o termo inglês, aportuguesando-o numa das suas facetas, ou seja, inserindo-o no género feminino ao qual pertence a tradução directa ?revista?. Não é por não se gostar da expressão ?O Blazt Magazine?.

E pronto, volto a abandonar as discussões linguísticas.
Um abraço,
Sara