Como escrevi há uns dias, apesar de o FIBDA deste ano já ter chegado ao fim, o Beco continuará a dar destaque a alguns autores presentes e às exposições sobre as quais ainda não se falou com pormenor por aqui.
As pranchas de Gradimir Smudja foram, sem dúvida, uma das atracções deste Festival, transformando-se o espaço que foi dedicado ao autor num dos pontos imprescindíveis da galeria do metro da Amadora.
Gradimir é de origem jugoslava e os seus estudos passaram pelas Belas-Artes, na Academia das Artes de Belgrado, antes de percorrer alguns países europeus, trabalhando como cartoonista ou em galerias de arte. O livro que transformou Gradimir Smudja num dos autores de bd mais falados nos últimos tempos chama-se Vincent e Van Gogh e está editado em Portugal pela Witloof. Recebeu o prémio Melhor Álbum Estrangeiro no Fibda do ano passado e foi objecto de inúmeras criticas muito positivas, sendo que aqui no Beco também já escrevemos sobre ele.
No Fibda deste ano tivemos oportunidade de ver algumas pranchas originais de Vincent e Van Gogh e o deslumbramento elevou-se ao cubo... Se a cor e o modo como o autor a trabalha, cruzando texturas e jogos de luz, já tinham impressionado sobejamente com a leitura do livro, os originais pintados por Gradimir são autênticas telas onde o autor constrói uma leitura do traço de Van Gogh a partir das necessidades narrativas exigidas pela própria história que se conta. O trabalho da aguarela sobre o papel resulta na transformação de cada vinheta num quadro único e impressionante, onde a obra de Van Gogh se prolonga através da memória e da força das imagens.
Foi, sem dúvida, uma das exposições mais apetecíveis deste Fibda.
Neste link podem ler uma entrevista com Gradimir Smudja a propósito de Vincent e Van Gogh. Por cá, aguardamos a versão portuguesa de Le Bordel des Muses. Já vi o primeiro volume, em francês, e aguardo com impaciência os dois que completam a trilogia.
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