O GATO (DO) RABINO
Sempre preferi cães a gatos. Aliás, sempre tive uma paixão por cães (sou daquelas pessoas que sorri para os cães ? e raramente para os donos ? na rua, e que conversa com eles) e nunca tive vocação para comunicar com gatos. Tive uma gata há muitos anos, mas lembro-me mal dela... morreu quando eu era pequena e as recordações são poucas. Depois seguiram-se vinte anos de convívio com cães. Agora adoptei um gato. Quem me conhece bem está espantado, mas o Gaspar conquistou-me e a sua condição de gatinho abandonado também. Há três semanas que está cá em casa e já nos entendemos bem. É certo que eu continuo a assustar-me quando ele desaparece e reaparece de repente nas minhas pernas, mas entendemo-nos muito bem e ele faz questão de nunca ter as unhas de fora quando isso acontece (o que me deixa bastante feliz!).
A esta altura os leitores estão a pensar que me passei e desatei a falar da minha vida doméstica em vez de falar sobre banda desenhada... Mas esta conversa vem a propósito de me lembrar de um livro quando olho para o Gaspar: Le Chat du Rabin, de Joan Sfarr. As semelhanças são poucas, mas interessantes. O gato do Rabino leu a Thora e adquiriu o dom da palavra depois de engolir um papagaio. O Gaspar vive numa casa de não-crentes, mas a prateleira das hagiografias medievais e das Cantigas de Santa Maria é uma das suas preferidas. Às vezes pergunto-me com qual dos santos se identificará e, perante os seus ataques repentinos de energia voadora, cada vez estou mais convencida de que esta história da prateleira dos santos é só para me iludir...
28.9.04
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