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Editada em 1988, esta Viagem a Itália revela as capacidades narrativas de Cosey da melhor maneira possível para um autor de bd. As imagens de Cosey são trabalhadas como se de um filme se tratasse e o encadeamento das linhas narrativas supera a simples sucessão de acontecimentos. Em Viagem a Itália assistimos, então, ao desenrolar de uma narrativa que edifica, através das palavras e das imagens, mas sobretudo através da relação intensa entre ambas, um brutal ajuste de contas com o passado. São três personagens à procura da sua vida, tentando definir novos rumos sem a mágoa do que passou, e uma nova personagem, Keo, capaz de servir de ponte para um futuro que se adivinha marcado pelo corte total com as recordações.
Para além da habilidade narrativa, Cosey destaca-se, nestes dois volumes, pela sua capacidade de recriar as paisagens de Itália de um modo quase sublime, enquadrando-as na história de modo a não parecerem meros postais ilustrados, mas criando o espaço necessário para que respirem e ganhem vida a cada prancha.
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