31.12.06

2006 - ALGUMAS ESCOLHAS

É difícil fugir a esta coisa dos balanços e das escolhas... Como o tempo já não é muito, como o meu texto de balanço para a Bedeteca está atrasado e como a Sílvia está um bocado preguiçosa, vamos apontar algumas escolhas a meias nas linhas que se seguem, sem grandes preocupações com a exaustividade.

BD

Salazar, agora na hora da sua morte, João Paulo Cotrim e Miguel Rocha (Parceria A.M. Pereira)
Solo, Filipe Abranches (Polvo)
Peanuts - obra completa (1950-1952; 1953-1954), Charles M. Schulz (Afrontamento)
Mesinha de Cabeceira Popular, VVAA (Chili Com Carne)
Tratado de Umbrografia, José Carlos Fernandes e Luís Henriques (Devir)

De 2006 guardaremos seguramente o projecto e as edições da Imprensa Canalha, esperando que em 2007 a coisa continue a acontecer.

ILUSTRAÇÃO

A Máquina Infernal, Alain Corbel (Caminho)
O Sam e o Som, Ana Saldanha, Basil Deane e Gémeo Luís (Caminho)
Farol de Sonhos: Katsumi Komagata - 1ºEncontro Sobre o Livro e o Imaginário Infantil, Câmara Municipal de Cascais
O Bicharoco Que Era Oco, Ana Ventura e Carla Pott (Pena Azul)
Um livro com ilustrações do Carl Cneut, avistado há dias na Fnac, e cujo nome nos escapou (a edição é da Kual).

A todos os leitores do Beco, desejamos um óptimo 2007!

28.12.06

EM PAUSA

O Beco anda parado à conta de tantos encontros pós-natalícios e outros bulícios. Ainda voltamos antes do fim do ano para a habitual escolha em tom de balanço. Entretanto, a leitura mais recente trazida da Bedeteca é esta:


Dámsmitt, Kike Benlloch e Manuel Cráneo
Dib Buks, 2006

24.12.06

NATAL

O Sapo anda a fazer das suas nos e-mails, pelo que os votos de boas festas que deveriam ter seguido ficaram 'pendurados'. Assim sendo, e para os que comemoram o Natal, aqui ficam os desejos de um feliz Natal da equipa do Beco.
Quanto ao e-mail, se a coisa continuar a correr mal, mudaremos, aproveitando a época de recomeços.

20.12.06

SUGESTÕES PARA A BOTA VI


Solo, Filipe Abranches
Polvo, 2006

(a digitalização está má, eu sei, mas foi o que se conseguiu arranjar...)

19.12.06

FLINSTONES E TOM E JERRY FICAM ORFÃOS...

Joseph Barbera, um dos grandes nomes do desenho animado, parceiro de William Hanna, morreu ontem, em Los Angeles, aos 95 anos de idade. A dupla Hanna-Barbera foi responsável pela criação de personagens como Tom e Jerry, Zé Colmeia, Os Flintstones, Scooby-Doo e Os Jetsons.

De acordo com Gary Miereanu, porta-voz da Warner Bros., Barbera morreu ao lado da sua mulher, Sheila.

O primeiro grande sucesso da dupla foi alcançado com os cartoons de Tom e Jerry. Numa entrevista à Associated Press, em 1993, Barbera lembrou o cepticismo dos primeiros tempos: "Quando começámos as pessoas diziam: 'Gato e rato? Isso está ultrapassado!'". "Diziam também que isso já tinha sido feito por toda a gente: Felix the Cat, Ignatz the Cat".

"Achei que não seria necessário diálogo para compreender as histórias em qualquer parte do mundo. Apenas precisávamos de um gato e de um rato, e toda a gente sabia o que ia acontecer".

Desde aí, Hanna e Barbera entraram no imaginário de várias gerações de crianças, com as séries animadas Os Flintstones, Urso Yogi, Os Jetsons e Scooby-Doo.

"A contribuição de Joe para a indústria da animação não tem paralelo - criou entretenimento para vários milhões de pessoas por todo o mundo", disse Sander Schwartz, que trabalhou com Barbera na Warner Bros. Studios.


Foto: Douglas Pizac/AP

Hanna, nascido em 1910, e Barbera, um ano mais novo, não planearam ser cartoonistas. Hanna, que estudou engenharia e jornalismo, começou a fazer animação porque não tinha outro emprego; Barbera cresceu no bairro nova-iorquino de Brooklyn e começou por trabalhar num banco.

Os desenhos animados Tom e Jerry venceram sete Óscares da Academia e a dupla Hanna-Barbera recebeu oito prémios Emmy.

William Hanna, sócio de longa data de Barbera, morreu em 2001.


(notícia recebida por e-mail)

18.12.06

SUGESTÕES PARA A BOTA V


Cuentos de la Estrella Legumbre, Javier Olivares
Media Vaca, 2005
SUGESTÕES PARA A BOTA IV


Peanuts - Obra Completa (1950-1952/ 1953-1954), Charles M. Schulz
Edições Afrontamento, 2006

15.12.06

SUGESTÕES PARA A BOTA III


Mundo dos Insectos, de José Feitor
Imprensa Canalha, 2006
APRESENTAÇÃO

No próximo dia 16 de Dezembro será apresentado o livro Salazar - Agora, na hora da sua morte, com a presença dos autores - João Paulo Cotrim e Miguel Rocha.
A apresentação terá lugar na sede do MURPI em Baleizão, pelas 15h30, e na Bedeteca de Beja, pelas 18h30. O livro será apresentado, respectivamente, por Paulo Barriga e por Paulo Monteiro (Bedeteca de Beja).
Terá ainda lugar, também pelas 18h30, a inauguração da exposição com o mesmo nome na Galeria de Exposições Temporárias da Bedeteca de Beja/Casa da Cultura - 1º andar.
A exposição poderá ser visitada até 5 Janeiro de 2007, de 2ª a 6ª das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 23h30. Aos sábados estará patente ao público das 14h00 às 20h00.
LANÇAMENTO

Neste domingo, dia 17, pelas 16 horas, será lançado o livro O Bicharoco Que Era Oco, de Ana Ventura e Carla Pott, com edição da Pena Azul. O lançameto decorrerá na livraria Bookhouse, no piso -1 do Edifício Monumental (Saldanha, LIsboa).

14.12.06

SUGESTÕES PARA A BOTA II


Trava Línguas, Luísa Costa Gomes e Jorge Nesbitt
Dom Quixote, 2006

13.12.06

LAICA NO ESPAÇO


(cartaz por José Feitor)

Horário: sábado (15-24h) e domingo (15-22h) - ENTRADA LIVRE - Feira de fanzines, exposições "Animais no Espaço: Desastres Genéticos" (experiência de desenho automático) e do atelier de serigrafia de Mike Goes West, edição independente (livros, discos), comida vegetariana, agricultura biológica, artesanato urbano, artigos em segunda mão e concertos ::::
.....
Depois de uma ocupação de três meses no bar Espaço, durante os quais se ofereceu o melhor da cultura subterrânea na forma de concertos, exposições, pintura mural ao vivo, sessões de desenho automático, feiras de fanzines e trocas de discos, chegou o momento de anunciar alegremente mais uma Feira Laica, corolário desta empreitada cultural independente baseada em sinergias difusas e carolices desmedidas a que se deu o singelo nome de "Laica no Espaço".

Alojada desta vez num novo 'spot' cultural lisboeta, a Feira Laica promete, como sempre, o melhor do comércio alternativo aliado a um ambiente de franca confraternização. Para combater a crise nesta quadra de grande oferta e estímulo consumista trazemos também o melhor da música e literatura em segunda mão a preços estupidamente irreais. Na programação desta edição terá também dois concertos e outros bombons a descobrir.


Mais informações sobre as editoras, colectivos e artistas presentes, bem como sobre a programação, aqui.

12.12.06

28 HISTÓRIAS PARA RIR
No passado dia 9 inaugurou a exposição '28 Histórias para rir', de João Vaz de Carvalho.

A exposição, que reúne as ilustrações originais do livro com o mesmo título, da editora Kalandraka e com textos de Úrsula Wölfel, está patente até dia 4 de Fevereiro no Auditório Augusto Cabrita.

Mais informações:
telefone - 212 141 319
site - www.ilustrarte.web.pt.

11.12.06

ILUSTRAÇÃO E BANDA DESENHADA - CURSOS

As inscrições para os cursos de ilustração e banda desenhada do CIEAM estão abertas. As aulas só começam em Fevereiro do próximo ano, mas a fase de selecção começa antes, pelo que os interessados devem inscrever-se rapidamente.



Para mais informações, contactem o CIEAM através do 21 325 2135

7.12.06

RIR DOS BUROCRATAS (PARA NÃO CHORAR)

Bem sei que uma das capacidades imprescindíveis para se permanecer algum tempo nas diferentes cadeiras do poder político é a de sabaer falar muito, de preferência de modo eloquente e elegante, e nada dizer de importante. Mas não pensei que a coisa fosse tão hilariante como na entrevista do vereador da cultura da Câmara Municipal de Lisboa que pode ler-se aqui e que descobri via Underworld. Gosto quando, a propósito do claro desinvestimento da CML na Bedeteca de Lisboa, o vereador enrola, enrola e enrola para dizer que os equipamentos da Câmara não podem fechar-se e devem acompanhar as dinâmicas da cidade. Pois sim... E quando eram esses equipamentos que garantiam algumas das tais dinâmicas em determinadas áreas? Falo da banda desenhada e da Bedeteca, claro, por ser este o espaço adequado para tal, mas a coisa podia estender-se...

Eu sei que as palavras do vereador são bonitinhas, mas deixo as perguntas que gostava de ver RESPONDIDAS, sem rodeios lexicais e discursivos. Qual o motivo para se acabar com a bienal de Ilustração? Terá sido para acompanhar alguma dinâmica da cidade (quiçá a do marasmo cultural)? Porque é que os fundos da Bedeteca não crescem à medida de uma biblioteca especializada que não deveria estagnar, sob pena de inviabilizar o seu próprio motivo de existência (será essa a ideia?)? O que aconteceu à verba para as edições próprias da Bedeteca, que cumpriam a dupla (e importante) função de divulgar novos autores portugueses e de assegurar a publicação de textos e trabalhos que, de outro modo, nunca estariam disponíveis para os investigadores e leitores em geral? E o próximo Salão Lisboa, que deve acontecer em 2007, também vai sofrer um cortezinho orçamental para se adaptar à escala da tal dinâmica da cidade? E a autonomia que poderia permitir que alguns problemas se resolvessem, ou pelo menos se discutissem, se soubéssemos todos do que se passa e pudéssemos contribuir para mudar alguma coisa (suponho que das dinâmicas citadinas do senhor vereador não faça parte semelhante ideia... discutir os problemas... que loucura!)?

5.12.06

VISITA DO DIA

Andy Kehoe

4.12.06

SUGESTÕES PARA A BOTA

Nesta altura do ano, não há como fugir... Assim sendo, vamos fazendo algumas sugestões interessantes, para fugir ao hipermercado, ao centro comercial e ao bestseller.
Neste link podem conhecer e comprar este 'bloco de notas' com 70 páginas cheias de esboços e ilustrações de Carla Pott.

UM CAPUCHINHO DE METER MEDO AO SUSTO

O IX Expo Cómic acabou ontem, mas por aqui podem ver as pranchas de La Caperucita Terrorifica com que Richard Câmara foi distinguido no certame. Tenham muito medo...

29.11.06

VISITA DO DIA

yseye.de

27.11.06

APRESENTAÇÃO - CORÉE

Amanhã, pelas 18h30, no espaço da Nova Livraria Francesa, será apresentado o livro Corée - la Corée vue par 12 auteurs.



Corée é uma obra colectiva que junta autores franceses (Catel Muller, Igort, Guillaume Bouzard, Hervé Tanquerelle, Vanyda e Mathieu Sapin) e autores coreanos (Lee Doo-ho, Park Heung-yong, Choi Kyu-sok, Byun Ki-hyun, Chae Min, Lee Hee-jae). É uma publicação das Edições Casterman na sua prestigiada coleção 'Écritures'. O álbum reúne as contribuições de seis autores doze autores franceses e seis coreanos, que são outros tantos olhares em imagem sobre a Coreia e a cultura asiática.

O livro será apresentado por Pedro Vieira de Moura (cujo trabalho crítico em torno da banda desenhada pode ser acompanhado aqui) e Mathieu Sapin, um dos autores, estará presente.
A Nouvelle Librairie Française fica na Rua Luís Bivar, nº91 (Lisboa).

23.11.06

DIAS ELÉCTRICOS - APRESENTAÇÃO



O livro Dias Eléctricos, com argumento de Luís Rainha e desenhos de Armando Lopes, Daniel Lima, Susana Carvalhinho, Jorge Mateus, Frederico Rogeiro, Tiago Albuquerque e João Fazenda e com edição da Má Criação é apresentado mais logo, pelas 22h30, no Café Suave (Bairro Alto).

22.11.06

20.11.06

AGENDA - BLAZT CLOSE UP

Uma retrospectiva dos trabalhos publicados na Blazt entre 2004 e 2006 pode ser vista na Reitoria da Universidade de Lisboa (de segunda a sexta, das 9h30 às 17h30 - a entrada é livre). Aqui fica o texto disponibilizado pela Blazt:

A BLAZT Magazine é, actualmente, um dos projectos editoriais mais significativos na revelação da nova geração de autores de Banda Desenhada em Portugal. Nascida no seio da Universidade de Lisboa com uma filosofia baseada no conceito de network, a qualidade dos seus conteúdos e a acuidade da impressão chamou a atenção da crítica especializada e dos parceiros do meio, nomeadamente do diário Público, do FIBDA - Festival Internacional de Banda Desenhada - Amadora, do circuito cultural londrino e de inumeráveis blogs.

Esta exposição itinerante construída a pedido do CNBDI - Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, lança um breve olhar retrospectivo aos trabalhos publicados em dois anos de actividade, por 19 jovens autores portugueses desconhecidos do público, nomeadamente, Ana Sousa, Emanuel Moita, Filipe Alves, Francisco Noá, Francisco Serra Lopes, Hugo Almeida, Inês Casais, João Batista, João Martins, Joel Ildefonso, Mariana Perry, Marisa Costa, Nuno Duarte, Pedro Carramão, Pedro Santos, Ricardo Cabral, Ricardo Machado, Rui Aires e Tiago Albuquerque, entre outros com nome já firmado no espaço nacional e internacional, tais como Daniel Maia e Richard Câmara.

Org: Blazt -Revista Internacional de Banda Desenhada e Associação de Antigos Alunos da Faculdade de Belas Artes da UL, em parceria com o FIBDA'06
Network: ARCO | Arga Warga | Bedeteca de Lisboa | FIBDA | Fisga Comics | Núcleo de BD e Animação FBAUL | Os Fazedores de Letras

17.11.06

OS MEUS LIVROS PREMIADOS

Soube agora que a revista Os Meus Livros foi premiada no recente 2ºCongresso dos Editores Portugueses na categoria 'Divulgação - Imprensa/Revista". Deixo o texto da entrega dos prémios e aproveito para felicitar o João Morales, director da revista, bem como toda a equipa, na qual me incluo (não, não é imodéstia e sim, estou mesmo contente).

"PRÉMIO ' DIVULGAÇÃO: IMPRENSA - REVISTA '
Lutando contra ventos e marés que condenaram regularmente ao desaparecimento muitas das revistas literárias nascidas nas últimas décadas,
Trabalhando corajosamente num mercado altamente competitivo e com escassez de leitores regulares quer para os livros quer para a imprensa especializada neles,
A revista
Os Meus Livros afirmou-se nos últimos anos como um dos pilares da divulgação do trabalho dos escritores e dos editores no nosso País.
Por esse trabalho meritório e resistente em prol da edição, dos livros, dos escritores e da leitura,
o Prémio Divulgação, Imprensa, Revista foi entregue pelo Vice-Presidente da UEP, Manuel Ferrão, ao jornalista João Morales, director da revista
Os Meus Livros."
REQUISIÇÕES

Linha vermelha, escadas rolantes e sol nos Olivais. Devolver os livros da quinzena passada e requisitar mais cinco. E agradecer à Bedeteca por disponibilizar um fundo bibliográfico muito simpático, onde há 'históricos', 'clássicos' e 'teóricos' de várias espécies e onde não faltam as novidades que nunca chegam às livrarias de cá ou os autores menos comercializáveis. E tudo de borla; basta mostrar o cartãozinho das BLX (que também não custa nada) e tratar bem as 'espécies' que se trazem para casa. Hoje vieram estes. Daqui a duas semanas há mais.

15.11.06

VISITA DO DIA

Martha Rich
JOÃO FAZENDA NO WORK & SHOP

Também na sexta-feira, dia 17, mas no espaço Work&Shop, inaugura uma exposição de João Fazenda, intitulada 'Calquitos'.



O Work&Shop fica na Rua das Pedras Negras, nº17, em Lisboa (a imagem roubei-a à descarada e sem pedir licença ao IrmãoLúcia - nunca me consigo decidir quanto aos acentos e à separação de palavras... Irmaolucia, IrmãoLúcia? Dita as regras gramaticais, caro Pedro, e eu passarei a segui-las!).
A LAICA CONTINUA

Na próxima sexta-feira, pelas 19h, no Espaço, inaugura uma exposição de João Maio Pinto, intitulada 'O sol derrete tudo e as montanhas são reduzidas a quase nada'.



Nesse mesmo dia, inaugura também uma exposição colectiva d'A Mula (Porto), com trabalhos de Miguel Carneiro, Marco Mendes, Mauro Cerqueira, Janus, Carlos Pinheiro e Nuno Sousa. Para além disso, haverá pintura mural ao vivo com Marco Mendes, Miguel Carneiro e Mauro Cerqueira, banca de edições independentes e música (ou algo parecido) com os OSAMA Secrete LOVERS, que comemoram um ano, um mês e dois dias de existência.

13.11.06

LEITURAS: DIAS ELÉCTRICOS

Dias Eléctricos
VVAA
Má Criação, Lisboa, 2006



Por detrás das lâmpadas que nos iluminam as noites, e da parafernália de electrodomésticos sem os quais achamos que não é possível viver, esconde-se uma das invenções mais importantes da história moderna. E por detrás dessa revolução que foi a corrente eléctrica, escondem-se ainda memórias e algumas anedotas que são o reflexo do impacto, hoje já tão pouco perceptível, que o invento teve nas nossas vidas.

Luís Rainha assina os argumentos das oito histórias que compõem estes Dias Eléctricos. Os desenhos ficaram por conta de Jorge Mateus (que repete), Susana Carvalhinhos, Armando Lopes, Frederico Rogeiro, Daniel Lima, Tiago Albuquerque e João Fazenda. Não se percebe se foi o apoio da Rede Eléctrica Nacional foi o leitmotiv da obra, ou se o tema proporcionou o patrocínio, mas pouco importa.

Dias Eléctricos é, a espaços, uma reflexão sobre o modo como a electricidade interferiu nas nossas vidas, mas é sobretudo um exercício narrativo muito interessante no modo como parte de um tema aparentemente banal para criar pequenas ficções do quotidiano, aproveitando todo o potencial dos lugares-comuns e dos fait-divers do dia a dia (a história do apagão, que em 2000 deixou Portugal às escuras, e a imputabilidade do facto atribuída a uma cegonha, são disso bom exemplo).
Mais além desta primeira leitura, ainda superficial, podemos perceber outros sentidos com maior vocação universal. E aqui não é a história de um invento que encontramos, mas a memória que a partir dele se pode formar; por um lado, a memória que fomos aprendendo a moldar a partir dos livros de História ou das conversas dos mais velhos, e por outro, uma memória pessoal, no sentido de individual, pertencente a cada indivíduo e à sua própria ficção. É no cruzamento entre estes dois registos que se constroem as narrativas de Dias Eléctricos.

O resultado é heterogéneo, dada a diversidade de registos estilísticos dos autores-desenhadores, mas essa heterogeneidade, que poderia ser grave tendo em conta a distância que separa, por exemplo, o traço de Daniel Lima das vinhetas bem comportadas de Armando Lopes, não coloca em perigo a unidade do livro. O mérito é do(s) argumento(s), que pode(m) ser lido(s) como uma sequência de episódios seleccionados de uma mesma e gigantesca história, e também da escolha de Jorge Mateus para abrir e fechar o volume, com 'On' e 'Off', conferindo-lhe uma estrutura e analisando os diferentes episódios com um olhar assumidamente exterior, destacando os mitos (como o dos frigoríficos que teriam servido para esconder refugiados espanhóis da Guerra Civil, na história desenhada por Tiago Albuquerque) e também as mitomanias (como a do município lisboeta, que importou os candeeiros eléctricos fingindo ter verba para os sustentar, na história de Armando Lopes). Assim, aquilo que poderia ser um livro com várias narrativas em torno de um tema, assinadas por desenhadores diferentes (o que seria, já de si, meritório, tendo em conta a qualidade geral dos trabalhos apresentados e, do ponto de vista editorial, a falta que temos de antologias ou volumes colectivos que possam dar a conhecer o trabalho de vários autores de banda desenhada), acaba por ser uma história em episódios, contada a várias mãos e com registos gráficos muito adequados aos diferentes argumentos (no sentido em que complementam sentidos e dialogam de modo verdadeiramente simbiótico): veja-se o traço de Frederico Rogeiro, invocando a marca inconfundível de João Abel Manta para o relato cronologicamente situado no Estado Novo, convocando uma vez mais a memória histórica e a nossa visão dela para o centro da criação, ou o registo gráfico de Daniel Lima, ecoando um certo universo vintage de cartazes e velhos anúncios e assumindo um ritmo imposto pelos vários momentos narrativos, associados à transmissão radiofónica, não marcados enquanto vinhetas mas claramente separados, dentro de cada prancha. Veja-se também o trabalho de Tiago Albuquerque, explorando possibilidades na utilização das formas geométricas e das texturas padronizadas, e respondendo ao texto de Luís Rainha de um modo que confirma o interesse que já vinha despertando em publicações dispersas (pessoalmente conhecia apenas o seu contributo para o número um da Blazt e alguns cartazes e ilustrações soltos, mas a propósito deste texto descobri o blog do autor aqui e aproveito para recomendá-lo a quem quiser conhecer o seu trabalho).

Não deveria ser preciso referir este ponto, por demasiado óbvio, mas Dias Eléctricos é um bom exemplo de como um livro de banda desenhada que tem a História, ou determinado facto histórico, como motivo temático principal, não tem de ser um exercício pedagógico com o fito nos hipotéticos jovens leitores incapazes de digerirem verdadeiros livros de História, mas que alguém acredita estarem prontos a aceder aos segredos do conhecimento desde que ele lhes sejam apresentados 'aos quadradinhos'. Longe desse espírito que continua a gerar alguns livros no nosso panorama editorial, Dias Eléctricos conta um punhado de histórias que têm na base um tema que podemos encaixar na categoria dos temas históricos, mas essa é a única relação unívoca; as possibilidades narrativas, a reflexão sobre a memória e a diversidade de registos gráficos estão já num outro plano. E ainda bem.

9.11.06

BELA SILVA NA BEDETECA



A exposição de Bela Silva, intitulada 'Sometimes I Wonder If I'm In Wonderland', inaugura hoje na Bedeteca de Lisboa. Aqui fica o press-release:

O tom introspectivo do título que Bela Silva decidiu dar à exposição que vai apresentar na Bedeteca de Lisboa, a partir de 9 de Novembro (Quinta-Feira), não causará surpresa aos que têm acompanhado o seu trabalho. A inauguração está agendada para as 19h e conta com a presença da artista.

A criatividade de Bela Silva é sempre um convite para a exploração de um universo íntimo e sonial, onde o absurdo encarna sempre o familiar. A inquietação instala-se sorrateira, ancorada na certeza tangencial de que o sentido é alcançável: são imagens reconhecíveis que remetem para a infância, só as composições são fugazes.
Um painel de cerâmica de grandes dimensões (Viúva Lamego) e cerca de duas dezenas de pinturas em papel, estarão à espera dos visitantes no Palácio do Contador-mor.
A opção pela língua inglesa traduz a internacionalização que alcançou, mas é também reflexo da sua forte relação com a Nova York, onde passa algum tempo.

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Natural de Lisboa, Bela Silva é licenciada em Escultura, pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e tem Mestrado em Artes, pela Art Institute of Chicago, USA. Trabalha em ilustração, pintura e cerâmica. Expôs em Portugal, Itália, França, Estados Unidos da América, China, Brasil e Japão. Bela Silva tem sido uma presença regular em todas as Mostras de Ilustração Portuguesa que a Bedeteca de Lisboa produziu desde 1998.

A sua obra está representada em diversas colecções particulares nomeadamente, do Instituto statale O' Arte per La Cerâmica, Teramo (Itália); Jonh Michael Kohler Foundation, Kohler, e Marshall Fields, Chicago, (EUA); Clube Português de Artes e Ideias, Museu Nacional do Azulejo, Banco Montepio, Lisboa. Realizou também projectos de arte pública em algumas cidades como, Chicago (EUA, 1994) e Saikai (Japão, 2003).
Em Portugal, concretamente em Lisboa, a sua criatividade pode ser apreciada na colecção permanente do Museu Nacional do Azulejo, num outro Painel na Rua da Bica do Sapato, (1999) e na Estação de Metropolitano de Alvalade (2006).
Uma referência ainda à sua presença nos universo editorial, as ilustrações de Bela Silva marcam presença em jornais e revistas Norte Americanas como, o New York Times, New City Chicago, Elle, Magazine, e em livros infantis.

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A exposição mantém-se na Bedeteca de Lisboa até 31 de Dezembro, e poderá ser visitada entre as 10h-19h, de Segunda a Sexta-feira. Os serviços educativos da Bedeteca asseguram alguns ateliers para os mais jovens e visitas guiadas à exposição.
NOVIDADES EDITORIAIS

No rescaldo do último FIBDA, aqui fica a referência a três edições que viram a luz nos últimos dias:



Manual de Posições Para Labregos, Álvaro
Pedra no Charco, 2006

BD Voyeur, VVAA
Pedra no Charco, 2006

Jazz Banda, nº2
Geraldes Lino, 2006

8.11.06

VISITA DO DIA

Sergio Mora

7.11.06

MUSEU DE ARTE POPULAR - TAKE II (o primeiro post ficou no arquivo...)

Há vários anos que o Estado ignora o Museu de Arte Popular, protelando obras infindáveis e falando dele o menos possível. O Estado ignora, mas as centenas de turistas que todos os meses batem à porta do museu para saberem se o podem visitar, e os cidadãos que fazem iguais tentativas, não.
Agora, o Ministério da Cultura pretende encerrar o museu e usar o edifício para um futuro museu do mar e da língua portuguesa, com direito a dinheiro para a investigação e tudo! Isto numa altura em que a investigação anda pelas ruas da amargura (os bolseiros de investigação científica que o digam) e em que alguns tesouros da língua portuguesa apodrecem nas bibliotecas e arquivos estatais, não deixa de ser irónico...

O Museu de Arte Popular foi projectado pelo Arquitecto Jorge Segurado e nele trabalharam artistas como Tomás de Melo (Tom), Estrela Faria, Manuel Lapa, Eduardo Anahory, Carlos Botelho e Paulo Ferreira. Do acervo do Museu de Arte Popular fazem parte peças de artesanato que há muito deixaram de se executar, constituindo por isso exemplares únicos que importa preservar. O que pretendem fazer à colecção? Espalhá-la pelo pais? Encerrá-la numa qualquer catacumba estatal? Destruí-la? E que sentido faz deslocar este importante acervo para qualquer outro local, sabendo que o MAP foi projectado em função da colecção que alberga, constituindo por isso um exemplar arquitectónico-museológico sem igual (desde as peças de mobiliário expositivo aos vidros, passando pelos espaços - concebidos por arquitectos que passaram pela escola da Bauhaus, tudo no MAP está em relação com a colecção museológica)? E o arquivo e a biblioteca do Museu? E os frescos de alguns dos artistas mais relevantes do século XX português, ficarão bem entaipados com placas?

Aqui podem assinar uma petição contra o fecho do Museu de Arte Popular. Talvez isso ajude a que as 'mentes iluminadas' do Governo pensem melhor antes de fazerem semelhante asneira.
FIBDA 06 - UM ESTUDO

No âmbito do FIBDA que acabou há dias, foi lançado em livro o resultado dos inquéritos elaborados durante a edição do ano passado. O estudo dos resultados é da responsabilidade da socióloga Helena Santos, com colaboração de Nelson Dona e Ana Cardoso. A edição é da Afrontamento e da Câmara Municipal da Amadora.

6.11.06

FIBDA 06 - NOTAS

Dos encontros: um Festival como o FIBDA proporciona, por vezes, alguns encontros interessantes.

De Angel de la Calle, tenho de dizer que guardei a descoberta, através de Modotti e de algumas conversas, de uma espécie de fraternidade instantânea, longe da admiração fanática ou da simples cedência à simpatia. Não é isso. É que quem persegue daquele modo uma miragem tão perfeita no seu papel de miragem como Tina Modotti, quem fala como ele fala de compromissos com a História, de sonhos, de uma esperança de quem sabe que o mundo está condenado mas que nem por isso temos o direito de desistir, quem assim fala cria uma ponte que me é fácil de atravessar.
Sobre Modotti - Uma Mulher do Século XX espero escrever em breve. Sobre fraternidades instantâneas fico-me por aqui.


Prancha original, a lápis, de Modotti e Angel de la Calle desenhando num dos seus livros

Sidney Gusman, crítico, editor e cronista do Universo HQ, chegou à Amadora entusiasmado com as descobertas que poderia experimentar. E a generosidade com que ia descobrindo e partilhando as impressões que retinha foram uma constante durante a visita. Achou os livros de banda desenhada (e os livros em geral) baratos, destruiu a conta bancária à conta dessa descoberta e ficou maravilhado com o facto de haver dinheiro público para se montar uma estrutura com a dimensão da do FIBDA. Realidades muito diferentes...
Contactos trocados, vamos ter mais impressões em breve, mas sobretudo passaremos a ter um interlocutor frequente do lado de lá do Atlântico, com vontade de acompanhar o que se passa na banda desenhada portuguesa e disponível para contar o que se ai passando na banda desenhada brasileira.

2.11.06

OS SONHOS DE BEATRICE


Dia 4 de Novembro, pelas 18:00 horas, inaugura mais uma Exposição de Ilustração no Auditório Municipal Augusto Cabrita (AMAC), no âmbito da Ilustrarte. Desta vez, trata-se de Sonhos de Beatrice, uma retrospectiva do trabalho de Beatrice Alemagna(ilustradora italiana), onde poderemos encontrar, entre outros, alguns originais do livro Os Dois Corvos (texto de Aldous Huxley) editado, entre nós, pela Dom Quixote.



Na inauguração, será também apresentado o filme de animação Passeio de um distraído, com texto de Gianni Rodari e da autoria de Beatrice Alemagna, que estará presente.


A mostra vai estar patente até dia 21 de Janeiro de 2007, de 3ª a domingo, das 16:00 às 22:00.

31.10.06

FIBDA 06 - CONFERÊNCIAS

Amanhã, no auditório do FIBDA, poderão assistir às seguintes conferências/ conversas:

O Ensino da Banda Desenhada, com Jorge Nesbitt, José Pedro Cavalheiro, Isabel Carvalho e Pedro Vieira de Moura (15h30)

Modos Alternativos de Edição de BD, com Daniel Maia, José Feitor, Pepedelrey e Álvaro Áspera; moderação de Pedro Vieira de Moura (16h30)

Trabalhar Para Fora, com Eliseu Gouveia, João Lemos, Rui Lacas e Daniel Maia; moderação de Pedro Vieira de Moura (17h30)

Mais informações sobre a programação, aqui.
MATHIEU SAPIN

WORKSHOP DE BD

30.10.06

SALAZAR - AGORA NA HORA DA SUA MORTE



O livro de João Paulo Cotrim e Miguel Rocha será lançado mais logo, pelas 18h30, no Salão Nobre do Ministério das Finanças. A apresentação estará a cargo de Guilherme de Oliveira Martins, conhecido de todos das andanças políticas, mas também um apreciador atento de banda desenhada.
Amanhã, o livro será apresentado a norte, na Sala de Âmbito Cultural, Piso 6, do El Corte Inglés de Vila Nova de Gaia. A apresentação estará a cargo de Manuel António Pina.
FIBDA 06 - PRÉMIOS

Aqui fica a lista de prémios e vencedores dos prémios nacionais de banda desenhada deste ano:

Melhor álbum português
Salazar, agora na hora da sua morte
Miguel Rocha (des.), João Paulo Cotrim (arg.), Parceria A.M.Pereira

Melhor argumento de autor português
João Paulo Cotrim
Salazar, agora na hora da sua morte

Melhor desenho de autor português
Miguel Rocha
Salazar, agora na hora da sua morte

Melhor álbum estrangeiro
Cidade de Vidro
Paul Karasik e David Mazuchelli (a partir do texto de Paul Auster), Edições ASA

Melhor álbum de tiras humorísticas
O amor é um inferno
Matt Groening, Gradiva

Melhor ilustração para Literatura infantil
Alain Corbel
A máquina infernal, Editorial Caminho

Clássicos da 9ª Arte
História de Ó, Guido Crepax, Marginália

Melhor fanzine
O menino triste. Os livros
J. Mascarenhas

Troféu de Honra Cidade da Amadora 2006
Mariana Lopes Viegas ("Tia Nita")

27.10.06

FIBDA 06 - SEGUNDO FIM DE SEMANA

Amanhã e Domingo, decorrerão as seguintes sessões de autógrafos:

Sábado
15h: Maurício de Souza, A.Zograf, Aurélia Aurita, Étienne Davoudeau, Filipe Abranches, Filipe Andrade, Filipe Pina, Frederic Boilet, Grof Balasz, Sergei, Sergio Salma, Tbc

16H : Maurício de Souza, A.Zograf, Aurélia Aurita, Étienne Davoudeau, Filipe Abranches, Frederic Boilet, Grof Balasz, José Abrantes, Pepedelrey, Sergei, Sergio Salma, Tbc

17h: Maurício de Souza, Angel de la Calle, Aurélia Aurita, David Rubín, Étienne Davoudeau, Filipe Abranches, Frederic Boilet, Grof Balasz, Horácio Gomes, Sergei, Sergio Salma, Tbc

Domingo
15h: Miguel Rocha, João Paulo Cotrim, Maurício de Souza, A.Zograf, Aurélia Aurita, Étienne Davoudeau, Fernando Dórdio Campos, Filipe Andrade, Filipe Pina, Filipe Teixeira, Frederic Boilet, José Abrantes, Sergio Salma

16h: Maurício de Souza, A.Zograf, Angel de la Calle, Aurélia Aurita, Carlos Pedro, David Rubín, Étienne Davoudeau, Frederic Boilet, Gabriel Evangelista, Grof Balasz, Mário Freitas, Sérgio Salma, Tbc

17h: Maurício de Souza, A. Zograf, Álvaro, Angel de la Calle, David Rubín, Grof Balasz, Horácio Gomes, José Campo, Lailson, Rius, Sérgio Salma, Sixto Valência, Tbc

18h: Miguel Rocha, João Paulo Cotrim, Angel de la Calle, David Rubin, José Campo, Lailson, Rius, Sixto Valência

26.10.06

FIBDA 06 - PARA ALÉM DA BD


(Capa de O Quê Que Quem, Edições Eterogémeas, 2005)

Gémeo Luís venceu a última edição do Prémio Nacional de Ilustração (atribuído pelo Instituto Português da Biblioteca e do Livro) com o livro O Quê Que Quem (Edições Eterogémeas).
Integrada no FIBDA, uma exposição com as ilustrações e os textos que formam este livro pode ser vista na Casa Roque Gameiro, na Amadora (Largo 1º de Dezembro, não muito longe da estação da CP da Amadora), de terça a sábado, entre as 10h00 e as 12h30 e entre as 14h e as 17h.
Quem espera encontrar as ilustrações de O Quê Que Quem penduradas na parede, bem comportadas e dispostas em sequência fácil, desengane-se. Gémeo Luís montou uma instalação onde a luz e a(s) sombra(s) jogam com o seu trabalho recortado em papel e onde as paredes se oferecem à imaginação dos visitantes. Para ver até ao dia 5 de Novembro.

25.10.06

MUSEU DE ARTE POPULAR

Há vários anos que o Estado ignora o Museu de Arte Popular, protelando obras infindáveis e falando dele o menos possível. O Estado ignora, mas as centenas de turistas que todos os meses batem à porta do museu para saberem se o podem visitar, e os cidadãos que fazem iguais tentativas, não.
Agora, o Ministério da Cultura pretende encerrar o museu e usar o edifício para um futuro museu do mar e da língua portuguesa, com direito a dinheiro para a investigação e tudo! Isto numa altura em que a investigação anda pelas ruas da amargura (os bolseiros de investigação científica que o digam) e em que alguns tesouros da língua portuguesa apodrecem nas bibliotecas e arquivos estatais, não deixa de ser irónico...

O Museu de Arte Popular foi projectado pelo Arquitecto Jorge Segurado e nele trabalharam artistas como Tomás de Melo (Tom), Estrela Faria, Manuel Lapa, Eduardo Anahory, Carlos Botelho e Paulo Ferreira. Do acervo do Museu de Arte Popular fazem parte peças de artesanato que há muito deixaram de se executar, constituindo por isso exemplares únicos que importa preservar. O que pretendem fazer à colecção? Espalhá-la pelo pais? Encerrá-la numa qualquer catacumba estatal? Destruí-la? E que sentido faz deslocar este importante acervo para qualquer outro local, sabendo que o MAP foi projectado em função da colecção que alberga, constituindo por isso um exemplar arquitectónico-museológico sem igual (desde as peças de mobiliário expositivo aos vidros, passando pelos espaços ? concebidos por arquitectos que passaram pela escola da Bauhaus, tudo no MAP está em relação com a colecção museológica)? E o arquivo e a biblioteca do Museu? E os frescos de alguns dos artistas mais relevantes do século XX português, ficarão bem entaipados com placas?

Aqui podem assinar uma petição contra o fecho do Museu de Arte Popular. Talvez isso ajude a que as 'mentes iluminadas' do Governo pensem melhor antes de fazerem semelhante asneira.
FIBDA 06 - PRIMEIRO FIM DE SEMANA

No novo espaço central do FIBDA (Fórum Luís de Camões, na Brandoa) respira-se bem, ao contrário dos dois últimos anos. Duas áreas amplas, divididas de acordo com as exposições, oferecem espaço mais do que suficiente para os visitantes estarem à vontade, não sentirem claustrofobia e verem as pranchas com a atenção devida. Pontos positivos, portanto.
A localização é que não parece ser a melhor... Se é certo que descentralizar é bom, também é certo que sem carro não é fácil chegar ao Fórum. As estações de Metro mais perto (Amadora e Alfornelos) não são assim tão perto e se não fossem as boleias, dificilmente teríamos chegado ao FIBDA a pé, debaixo da chuvada torrencial que se abateu no Domingo.


(Espaço dedicado ao 'Resto do mundo', onde estão as exposições da América Latina, de África e do Leste Europeu, entre outras)

Uma nota para as exposições (que ainda não vimos na totalidade), este ano com uma grande variedade de autores, países e estilos, desde o mais mainstream ao mais 'alternativo'. Destaque para a exposição de Filipe Abranches, onde se podem ver pranchas inéditas, e para a exposição 'Olhar o Outro, o Olhar do Outro', que inclui nomes como Yvan Alagbé, Alain Corbel e Eric Lambé. É pena que a sinalização das exposições e a respectiva apresentação ainda não estivessem disponíveis ao público, transformando o espaço numa imensa sequência de pranchas que só um visitante atento separaria por núcleos (nomeadamente no espaço do 'resto do mundo'). Mas problemas de sinalização à parte, o material exposto merece mais do que uma visita.


(Exposição 'Olhar o Outro, o Olhar do Outro')
REGRESSO MUITO AGUARDADO

A Polvo regressou à edição de banda desenhada, aparentemente com mais fôlego do que da última vez. Para breve estão anunciados quatro títulos: Em Toda a Parte, de Baladi, Solo, de Filipe Abranches (uma reunião de histórias que andavam dispersas por várias publicações e que agora se publicam em conjunto), Os Deuses Caídos, de David Rubín (que estará no FIBDA no próximo fim de semana) e Os Compadres, de Sergei.

BD JORNAL - 15

O número 15 do BD Jornal já por aí anda desde a inauguração do FIBDA. Podem encontrá-lo nos sítios habituais ou na banca da Pedra no Charco, no espaço comercial do Festival da Amadora.
Para quem ainda não viu, aqui fica o press-release que recebemos:

O BDjornal #15 JÁ ESTÁ NO FESTIVAL I. DE B.D. DA AMADORA 2006 (FIBDA) e em distribuição.

Nesta edição temos a estreia de José Carlos Fernandes com um texto sobre os Festivais de BD: O MAGNÍFICO MAUSOLÉU DA BD. JCF será cronista fixo em todas as próximas edições do BDjornal.
Uma entrevista com Pedro Silva sobre a transformação da BDmania em editora (continuando também a ser o nome da loja como até aqui): é a editora a que Daniel Maia se referia no texto sobre o Estado da Edição de BD.
Ainda um texto de Mário Freitas sobre a transformação do nome da Kingpin of Comics em chancela editorial (parece que a moda de virar nome da loja em editora pegou!) com uma pequena nuance: Kingpin Comics.
Esta edição do BDjornal contém ainda, o Programa do FIBDA. Uma entrevista de Pedro Cleto a Frank Giroud o argumentista e criador do DECÁLOGO (tem exposição no FIBDA2006).
O DICIONÁRIO UNIVERSAL DE BANDA DESENHADA, de Leonardo de Sá - primeira parte da Letra C.
A NOVA MANGÁ NA AMADORA, de Nuno Franco.
NOS 20 ANOS DE DILAN DOG, de João Miguel Lameiras.
A ARTE DE FILIPE ABRANCHES, de J.M.Lameiras.
NOVAS DA EDIÇÃO ALTERNATIVA, de Sara Figueiredo Costa.
7 DE OUTUBRO FOI JORNADA MUNDIAL DE 24 HOURS COMICS, de Clara Botelho. (Pedimos desculpas pela gralha no título deste texto no Sumério da pág. 2).
COLECCIONAR A PREÇOS MÓDICOS, de Pedro Cleto.
EL CIRCO DEL DESALIENTO (livro de David Rubín, que vai estar no FIBDA no próximo fim de semana), de Pedro Moura.
ALTOS E BAIXOS NA INDÚSTRIA DOS COMICS, de Clara Botelho.
PRÉMIOS HARVEY, de Clara Botelho.
BLOG LIBANÊS MOSTRA AOS QUADRADINHOS EFEITOS DA GUERRA NO DIA A DIA, de Pedro Cleto.
A GUERRA DOS CARTOONS, DE MAOMÉ AO HOLOCAUSTO, de Osvaldo de Sousa.

Isto para além das BDs, BRK de Filipe Pina e Filipe Andrade (que estão no FIBDA a dar autógrafos e com prints de BRK para venda); OS MONÓTONOS MONÓLOGOS DE UM VAGABUNDO, de Hugo Teixeira; MORGANA - O CASTELO NAS NÚVENS, de José Abrantes e uma BD sem título de Teresa Câmara Pestana (des) e Vasco Câmara Pestana (arg).

24.10.06

DEBATE NA SPA

O debate sobre banda desenhada organizado pela revista Os Meus Livros e pela Sociedade Portuguesa de Autores aconteceu ontem. Ainda não tive (e não sei se terei) tempo para comentá-lo aqui por escrito, mas deixo o link para um post da Andreia Brites, d'O Bicho dos Livros, onde se destaca sobretudo a questão da promoção da leitura.

23.10.06

HOMENAGEM A ROBERT E. HOWARD

O ciclo de homenagem ao escritor Robert E. Howard, da responsabilidade de Daniel Maia, teve início na edição deste mês da Tertúlia BD Zine e prosseguirá nos próximos tempos. Mais informações aqui e aqui.

20.10.06

FIBDA 06 - INAUGURAÇÃO E PRIMEIRO FIM DE SEMANA

Logo à noite, pelas 21h30, a 17ªedição do Festival Internacional de BD da Amadora abre as portas no Fórum Luís de Camões (Brandoa - Amadora).



A programação do fim de semana inclui as habituais sessões de autógrafos, conferências e apresentações.

Autógrafos

Sábado: Alessandro Barbucci, Carlos Pedro, Filipe Abranches, Filipe Andrade, Filipe Pina, Gabriel Evangelista, José Abrantes, José Carlos Fernandes, Mário Freitas , Sergei, Frank Giroud, J.C.Denis, Lucien Rollin, Pepedelrey e Álvaro.

Domingo: Carlos Geraldes, Fernando Dordio Campos, Filipe Andrade, Filipe Pina, Filipe Teixeira, J.C.Denis, José Abrantes, José Carlos Fernandes, Alessandro Barbucci, Derradé, José Ruy, Álvaro, Frank Giroud, Lucien Rollin e Horácio Gomes.

Para conhecerem o programa de conferências e apresentações, consultem o site do Festival aqu.
LIVROS, AUTORES E EDITORES EM DEBATE

A revista Os Meus Livros, para a qual colaboro, e a Sociedade Portuguesa de Autores organizaram um conjunto de debates sobre livros, autores e editores. O próximo debate é dedicado à banda desenhada e está marcado para a próxima segunda-feira, dia 23, pelas 18h30. Na mesa estarão o Pedro Silva (BD Mania/ Vitamina BD), a Maria José Pereira (Edições Asa), o António Jorge Gonçalves (precisa de apresentações?) e eu mesma.

Depois da banda desenhada, há mais debates. Dia 6 de Novembro: Poesia e Teatro (com Jorge Reis-Sá, Eugénia Vasques, Vasco David, Pedro Mexia e Ernesto Melo e Castro); dia 20 de Novembro: Fundos de catálogo (com António Pimentel, da Bertrand, José Pinho, da Ler Devagar, Carlos da Veiga Ferreira, da Teorema e o escritor Mário Zambujal); dia 4 de Dezembro: Best-sellers e qualidade (com maual Alberto Valente, da Asa, Vasco Santos, da Fenda, Maria João Lopo de Carvalho, Margarida Rebelo Pinto e Richard Zimler).

Os debates são sempre às 18h30, na sede da SPA (Avenida Duque de Loulé, nº31).

18.10.06

LAICA NO ESPAÇO



A Laica deixa o seu terreno de eleição - a Feira, enquanto espaço de comércio cultural justo e de confronto de ideias - e aventura-se no Espaço. No fundo, volta a casa. Fruto de uma sinergia de contornos difusos, cuja história levaria demasiado tempo a contar, a iniciativa LAICA NO ESPAÇO combina as infra-estruturas e o poder mobilizador da Feira Laica com o potencial do bar Espaço, novo spot cultural lisboeta, num cruzamento que promete oferecer o melhor da cultura subterrânea e do comércio alternativo: concertos, exposições, pintura mural ao vivo, sessões de desenho automático, feiras de fanzines e trocas de discos.

A ocupação do Espaço atravessará os meses de Outubro, Novembro e Dezembro e culminará na 5ª Feira Laica (em Dezembro).

PROGRAMAÇÃO PARA OUTUBRO

19 OUTUBRO

- Inauguração de exposição temática colectiva GUERRA CIVIL PORTUGUESA: CENÁRIOS (patente até 1 Nov.) e individual AMPHIBIA de ANDRÉ LEMOS (até 15 Nov.)



- Banca de zines e edição independente

- Pintura mural com José Feitor

Inauguração às 19h. Horário das exposições: 18h-24h. Entrada livre.

21 OUTUBRO
- Concerto: Fritos. Às 18h. Entrada: 3,5?

26 OUTUBRO
- Pintura mural com Luís Henriques

- Banca de zines e edição independente

Às 19h. Entrada livre

28 OUTUBRO
- Samizdata Club comemoração de um ano de actividade com Eye.8.soccer, shhh..., M-PeX e Thermidor.

Às 22h. Entrada livre.
FIBDA 06

O 17º Festival Internacional de BD da Amadora abre as portas na sexta-feira. A inauguração está marcada para as 21h30, no Fórum Luís de Camões (Brandoa-Amadora) e contará com a actuação dos Tora Tora Big Band. Mais informações aqui, no site do CNBDI.


Cartaz do evento, com imagem de Filipe Abranches.

17.10.06

SUSANNE JANSSEN NO BARREIRO

Até ao dia 29 deste mês pode ver-se a exposição 'Terra do Nunca', de Susanne Janssen, no Auditório Augusto Cabrita, no Barreiro (organização da Ilustrarte e da Câmara Municipal do BArreiro). O Beco passou por lá, bem acompanhado pelo Bicho dos Livros, e recomenda a visita.

Susanne Janssen recorre a diversas técnicas de expressão gráfica e plástica para compor os seus trabalhos e essa diversidade é uma das características que sobressai quando se olha para as ilustrações da autora. Óleos, colagem, linogravura, por vezes em simultâneo, contribuem para definir o 'traço' da Janssen. Mas vamos aos diferentes núcleos da exposição.



Os trabalhos de ilustração de O Capuchinho Vermelho (Le petit chaperon rouge, Éditions du Seuil, 2002) abrem a mostra. Os rostos das personagens do conhecido conto surgem ocupando o primeiro plano das ilustrações, com caras enormes e corpos que parecem não caber nos espaços onde se movem. E essa é uma visão comum a outros trabalhos da autora expostos no Barreiro: o contraste entre perspectivas realça as expressões e os movimentos das personagens, como se estas pertencessem a uma dimensão diferente daquela que rege os 'cenários' onde se movem (e onde podem habitar outras personagens, também elas em destaque noutros momentos e noutras ilustrações).
Para além das ilustrações originais que serviram para a impressão do livro, este núcleo apresenta ainda vários esboços e estudos que conduziram às ilustrações, o que permite acompanhar, de algum modo, o trabalho criativo da autora e os passos seguidos ou abandonados na definição de cada imagem.

Seguem-se as ilustrações de Peter Pan (Être Éditions, 2005), linogravuras sobre as quais a autora intervém com tinta preta e com colagens, complementando a impressão de um modo tal que cada obra parece ser o resultado de uma mesma e única técnica. Para além das linogravuras, há também ilustrações a óleo com colagens. A técnica de recorte de pedaços do corpo das figuras presentes (sejam elas personagens, objectos ou elementos do 'cenário'), posteriormente colados novamente na composição, cria uma sensação de três dimensões que confere às imagens uma profundidade pouco vulgar.

Em Madame Butterflys Klavierstunde (La Leçon de Piano de Madame Butterfly, Milan, 2000), a autora ilustra o seu próprio texto e a exploração das deformações da noção de perspectiva volta a ser um traço visível, embora de modo diferente daquilo que pudemos ver em Le petit chaperon rouge. Aqui, os corpos das personagens surgem em posições no limite do verosímil e partilham o cenário com objectos e definições de espaços diferenciados num mesmo momento.

Un Soir Prés d'un Grand Lac Tranquille (La Joie de Lire, 2004), com texto de Jutta Richter, é o outro livro cujas ilustrações estão presentes nesta exposição. O contraste entre perspectivas e proporções volta a ser dominante, agora com algumas personagens a ocuparem quase todo o espaço das composições em primeiros planos gigantescos. Só que essas personagens vão mudando em função da narrativa e da sua relação com o mundo onírico (a história de Jutta Richter fala de um menino e de um adulto que têm, cada um no seu espaço, medo da noite e das sobras que a habitarão) e o grande plano tanto pode ser ocupado pelo rosto adormecido do menino como por aves desmesuradamente grandes que o guiam pelo escuro das horas nocturnas.

A acompanhar a exposição, foi editado um catálogo (o nº3 da colecção a arte na página, que já editou os catálogos das exposições de Cristina Valadas e de Bernard Jeunet que passaram recentemente pelo Barreiro), com coordenação de Ju Godinho e Eduardo Filipe, que inclui uma entrevista com a autora e várias reproduções das ilustrações expostas. O livro é uma boa forma de aproximação à obra de Susanne Janssen e é, além do mais, um belo objecto editorial...



A exposição de Susanne Janssen pode ser vista até ao dia 29 de Outubro no Auditório Municipal Augusto Cabrita (Barreiro), de 3ª a Domingo, entre as 17 e as 22 horas.
VISITA DO DIA


Kevin Christy

16.10.06

17º FIBDA

O Festival Internacional de BD da Amadora abrirá as suas portas já esta semana, na sexta-feira, prolongando-se até ao dia 5 de Novembro.

17 Graus Periféricos e o Resto do Mundo é o tema geral do FIBDA deste ano, cujo espaço central estará sediado no novo Fórum Luís de Camões, na Brandoa. Outros espaços, como é hábito, espalhar-se-ão pela cidade.
No espaço central poderemos ver as seguintes exposições:
- retrospectiva do trabalho de Filipe Abranches;
- colectiva de dezassete autores portugueses contemporâneos;
- O Decálogo (Giroud e vários desenhadores);
- Os Lusíadas (José Ruy e Lailson);
- mostras de banda desenhada da América Latina, África, Mundo Árabe e Leste Europeu;
- Nouvelle Manga;
- Skydoll (Barbara Canepa e Alessandro Barbucci);
- Os Deuses Caídos (David Rubin)
- Modotti, uma Mulher do Século XX (Angel de la Calle)
-O Diário Sentimental de Júlio P. (Lorenzo Gomez)
- Olhar o Outro, o Olhar do Outro (Alain Corbel, Eric Lambé, Guy Delisle, JP Stassen, Clément Obrerie/Marguerite Abouet e Yvan Alagbé;
- Nouvelle Manga (Aurélia Aurita, Emmanuel Guibert, Étienne Davoudeau, Frédéric Boilet, Hideji Oda, Moyoko Anno, Nicolas de Crécy, Kazuichi Hanawa, Daisuke Igarashi, Little Fish, Taiyo Matsumoto, David Prudhomme, Joann Sfar, Kan Takahama, Jiro Taniguchi e Fabrice Neaud);
- Made in Portugal (portugueses no mercado mainstream norte.americano);
- BD Voyeur (bd de cariz erótico e pornográfico de autores portugueses);
-Catarina (Sérgio Salma);
- Novidades editoriais de autores portugueses (Sergei, Mário Freitas e Carlos Pedro e Fernando Campos, Filipe Teixeira e Carlos Geraldes)
- 17º concurso de bd e cartoon

Pela cidade podem ainda ver-se as exposições de Gémeo Luís (na Casa Roque Gameiro), Artur Correia e António Gomes de Almeida (Casa Roque Gameiro), João Limpinho (esculturas, na Galeria Municipal Artur Bual), Zé dos Alicates, Jan Jagodic e o 15º Concurso de Cartoon (nos Recreios da Amadora), Mosquito - uma Máquina de Histórias (no CNBDI) e os vencedores de todos os concursos de bd e cartoon que o FIBDA promoveu até hoje (no Metro da Amadora).

Para informações sobre horários, bilhetes, transportes e afins, consultem o site do FIBDA aqui (no quadradinho número 09).

12.10.06

AGENDA

O Farol de Sonhos já começou e mantém-se aceso até Domingo, na Biblioteca Municipal de Cascais, em S. Domingos de Rana.

10.10.06