SALÃO FRONTEIRAS Este é o primeiro de vários comentários sobre as exposições que estiveram presentes no Salão Lisboa deste ano. Outros surgirão, agora que o Salão já fechou as portas e que os caminhos da BD e da ilustração rumam para outras paragens.
À entrada do Pavilhão de Portugal, que este ano acolheu grande parte do Salão Lisboa de Ilustração e BD, uma exposição do bloco dedicado às Fronteiras. Sob o tema “Conflitos Militares na Banda Desenhada”, vimos os trabalhos de A. Zograf, Emmanuel Guibert e Joe Sacco.
De Joe Sacco, o percursor da reportagem gráfica com o fabuloso Palestine (já editado pela MaisBD), estiveram presentes algumas pranchas do livro Safe Area Gorazde, que relata o dia a dia da acidentada região muçulmana da Sérvia durante o conflito dos Balcãs. Para além do inconfundível traço de Sacco, é impressionante a forma como cruza realismo, denúncia e apuramento gráfico.
Jornalista de formação, Joe Sacco consegue aliar de modo perfeitamente harmonioso as características de uma boa reportagem de guerra com as outras duas linhas de força do seu trabalho: a atitude parcial e denunciadora e o desenho forte e marcadamente naturalista. Com um trabalho que não se exime de opinar e afirmar posições, Sacco é uma referência não só na BD como na atenção reflectida e pormenorizada que tem dedicado aos conflitos militares no mundo.
Seguiram-se as pranchas de Emmanuel Guibert em La Guerre d’Alan, biografia de Alan Cope, veterano da Segunda Guerra e amigo do autor.
Ainda no mesmo núcleo vimos o trabalho de Aleksandar Zograf, Regards from Serbia, homenagem sensível à capacidade (e tenacidade) de sonhar com um futuro diferente do presente que nos rodeia. Aqui se contam os pensamentos e emoções de alguém que, do lado de dentro dos acontecimentos, vê a sua própria cidade bombardeada pela NATO.
23.6.03
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